Por Moira Warburton e Allende Miglietta
WASHINGTON (Reuters) - O ex-nadador norte-americano Michael Phelps disse a um comitê do Congresso dos Estados Unidos na terça-feira que as medidas antidoping "ficaram aquém" em um caso envolvendo nadadores chineses antes dos Jogos Olímpicos de Paris.
Phelps, a também medalhista de ouro Allison Schmitt e Travis Tygart, diretor executivo da Agência Antidoping dos EUA, testemunharam aos parlamentares do Subcomitê de Supervisão e Investigações do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados sobre as medidas lideradas pela Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês).
"Para mim, está claro que todas as tentativas de reforma na WADA foram insuficientes, e ainda há problemas sistêmicos profundamente enraizados que se mostram prejudiciais à integridade dos esportes internacionais e ao direito dos atletas a uma competição justa, repetidas vezes", disse Phelps na audiência.
Phelps, que possui 28 medalhas olímpicas, é o atleta mais condecorado de todos os tempos nos Jogos Olímpicos. Schmitt ganhou 10 medalhas em quatro edições. Nenhum deles competirá em Paris.
Em abril, a WADA confirmou relatos de que quase duas dúzias de nadadores chineses testaram positivo para trimetazidina, uma substância proibida encontrada em medicamentos para o coração, antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.
Schmitt pediu aos parlamentares que responsabilizem a WADA e o sistema antidoping global.
"Se vencermos, que seja porque merecemos. E se perdermos, que seja porque a competição foi justa", disse Schmitt.
A WADA foi convidada a testemunhar, mas se recusou a fazê-lo, citando o foco da audiência no caso dos nadadores chineses.
"A WADA considera inapropriado participar de um debate político perante um comitê do Congresso dos EUA a respeito de um caso de um país diferente, especialmente enquanto uma revisão independente sobre o tratamento do caso pela WADA está em andamento", disse a organização em um comunicado.
A WADA defendeu vigorosamente seus processos e o tratamento inicial do caso antes de dizer que lançaria uma revisão independente.
A agência antidoping da China disse que os nadadores foram expostos à substância proibida inadvertidamente devido à contaminação e que não deveriam ser responsabilizados pelos resultados positivos. A China convocou sua equipe de natação de 31 membros neste mês.
Phelps também disse em um depoimento que tem amigos próximos que foram afetados pelo caso.
"Muitos deles viverão com os 'e se' pelo resto de suas vidas", disse Phelps.
"Como atletas, nossa fé não pode mais ser depositada cegamente na Agência Mundial Antidoping, uma organização que prova continuamente que é incapaz ou não está disposta a aplicar suas políticas de forma consistente em todo o mundo."