O presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), confirmou sua participação na Cúpula de líderes do G20, marcada para 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Segundo informações do La Nacion e do Clarín, publicadas nesta 3ª feira (15.out.2024), a confirmação foi feita em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento, Milei afirmou estar disposto a “contribuir com a presidência brasileira para o êxito da reunião”.
O líder argentino deve buscar promover a assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE (União Europeia) no encontro. Em setembro, Lula afirmou que, se o bloco europeu estivesse preparado, a assinatura do tratado poderia ser feita durante a cúpula.
O Brasil tenta, desde 1999, estabelecer o acordo entre os blocos, que fixa a redução da cobrança de impostos de importação de bens e serviços entre o Mercosul e a União Europeia.
O acordo foi assinado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), mas não passou pela revisão dos parlamentares dos países para entrar em vigor.
Em 2023, quando Lula assumiu o governo, as negociações foram reabertas por causa das novas exigências ambientais da UE e do retorno do petista ao Planalto.
MILEI E LULA
Caso a participação se confirme, será a 1ª vez que os presidentes argentino e brasileiro se encontrarão. Ambos tem uma relação caracterizada por trocas de farpas e ofensas desde o período da campanha eleitoral argentina em 2023.
Milei já chamou Lula de “corrupto” e alguém “com uma vocação totalitária”. O petista, por sua vez, comparou o libertário a Bolsonaro ao afirmar que os 2 agem “contra o sistema” político.
Lula também não foi à posse do líder argentino. Enviou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para representar o país durante a cerimônia. Já Bolsonaro foi diretamente convidado pelo presidente argentino e teve lugar de destaque no evento.
Em 2024, a tensão entre Lula e Milei voltou a escalar no fim de junho, quando o presidente brasileiro disse que o libertário devia pedir desculpas por ter falado “muita bobagem”. O argentino, porém, negou e voltou a afirmar que o petista é “corrupto”.
Em julho, Milei viajou ao Brasil para participar da Cpac (Conferência de Política Ação e Conservadora), realizada em Balneário Camboriú (SC), mas não se reuniu com Lula. Em vez disso, o líder argentino se encontrou com Bolsonaro.
Também em julho, Milei não participou da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada no Paraguai.
À época, o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Ardoni, disse que a ausência do presidente argentino não estava relacionada aos atritos com Lula, mas sim à “agenda cheia”. O Itamaraty disse que a falta de Milei não afetaria a cúpula.