BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente argentino, Javier Milei, convidou o papa Francisco para visitar seu país natal, parecendo estender um ramo de oliveira depois de atacar o líder católico nos últimos anos.
Milei chamou o papa desde "imbecil" até o homem do diabo na terra, mas suavizou seu tom após ser eleito em novembro. Na carta, datada de 8 de janeiro e divulgada pela Presidência argentina nesta quinta-feira, Milei se dirigiu a Francisco como “Santo Padre”.
Pouco depois de assumir o cargo em dezembro, Milei revelou uma série de medidas econômicas visando tirar a Argentina da inflação de três dígitos, do aumento da pobreza e da escassez de reservas.
Um "megadecreto" emitido por Milei já enfrenta obstáculos no tribunal, enquanto um amplo projeto de lei que Milei convocou para aprovação em sessão especial causou protestos da oposição no Congresso, alegando que daria a Milei muito poder.
“Estamos cientes de que estas decisões podem aprofundar as desigualdades, sendo a nossa prioridade proteger os nossos cidadãos mais vulneráveis”, escreveu Milei na carta a Francisco, acrescentando que o seu governo “apreciava a colaboração da Igreja Católica, cujo trabalho social é inestimável".
Milei disse que propôs as medidas “levando em conta o conselho (de Francisco) de ter a sabedoria e a coragem necessárias” para fazê-lo.
O papa Francisco, de 87 anos, ainda não visitou a Argentina desde a sua eleição, há uma década. O líder religioso disse em entrevista em dezembro que uma viagem à sua terra natal estava "pendente", embora ele tenha lidado com uma série de problemas de saúde nos últimos anos e agora utilize dispositivos de mobilidade, como uma cadeira de rodas ou bengala.
“A sua presença e a sua mensagem (papal) contribuirão para a unidade de todos e nos darão a força coletiva necessária para preservar a paz, trabalhar pela prosperidade e pelo engrandecimento do nosso país”, afirmou o porta-voz de Milei Manuel Adorni.
(Reportagem de Lucila Sigal e Kylie Madry)