BEIRUTE (Reuters) - Cerca de sete mil pessoas partiram de Ghouta Oriental rumo a territórios comandados por rebeldes sírios perto da fronteira turca nesta terça-feira, conforme um acordo mediado pela Rússia para a rendição do enclave ao governo da Síria, informaram a mídia russa e um grupo de monitoramento da guerra.
Os rebeldes vêm abandonando Ghouta Oriental gradualmente desde quinta-feira, aceitando a passagem livre concedida a eles e seus familiares até Idlib, no noroeste do país, depois de serem derrotados por um ataque feroz dos militares sírios apoiados por Moscou.
A rendição assinala o maior revés para a rebelião contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, desde que insurgentes foram expulsos do leste de Aleppo em 2016, e sublinha a posição militar inabalável de Assad no conflito de sete anos.
Um comboio de ao menos 100 ônibus partiu de Ghouta Oriental perto das 3h da manhã (horário local) transportando combatentes rebeldes, suas famílias e civis que vinham se abrigando em um bolsão centrado ao redor das cidades de Arbin, Ain Tarma e Zamalka.
A maioria era de insurgentes e suas famílias, disse o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
A agência de notícias russa Tass relatou que quase 6.800 rebeldes e familiares foram transferidos de Ghouta Oriental a Idlib, elevando o número total de rebeldes retirados da área para 13.190 nos últimos três dias.
A televisão estatal síria disse que o Exército libertou 28 pessoas que estavam cativas de militantes em Arbin. Segundo o Observatório, sua libertação era parte do acordo aceito pelos insurgentes.
Os militares sírios dividiram Ghouta Oriental em três zonas separadas durante sua ofensiva iniciada em 18 de fevereiro e mataram mais de 1.600 pessoas, de acordo com o Observatório.
O bolsão sendo esvaziado no momento era controlado pelo grupo Failaq al-Rahman.
A última área de Ghouta ainda sob o comando dos rebeldes é a cidade de Douma, onde dezenas de milhares de civis se refugiam.
Douma está nas mãos do Jaish al-Islam, que está negociando com a Rússia, mas rejeitou publicamente a ideia de se transferir para o noroeste, dizendo que este "deslocamento forçado" equivale a uma política de "mudança demográfica" do governo sírio.
A TV estatal disse que ônibus começaram a entrar na zona comandada pelo Failaq al-Rahman nesta terça-feira para levar mais pessoas a Idlib.
(Por Tom Perry; Reportagem adicional de Katya Golubkova)