Por Maria Tsvetkova e Gleb Stolyarov
MOSCOU (Reuters) - Dezenas de milhares de russos realizaram neste sábado o que um grupo de monitoramento chamou de maior protesto político em oito anos, desafiando a repressão para exigir eleições livres para a legislatura municipal de Moscou.
A polícia deteve dezenas de pessoas depois da manifestação em Moscou e em outro protesto em São Petersburgo, e deteve uma líder da oposição antes deles começarem. Mas a resposta das autoridades foi mais branda do que na semana anterior, quando mais de 1.000 manifestantes foram detidos, algumas vezes, de forma violenta.
O grupo de monitoramento White Counter disse que 60.000 pessoas compareceram ao protesto de Moscou, descrevendo-o como o maior na Rússia em oito anos. A polícia calculou o total de manifestantes em 20.000.
Um mês de protestos sobre eleições para a legislatura municipal de Moscou tornaram-se no maior movimento sustentado de protesto na Rússia desde 2011-2013, quando manifestantes foram às ruas contra a percepção de fraude eleitoral.
Multidões no protesto em Moscou gritavam “abaixo o czar!” e balançavam bandeiras russas. Exigiam que candidatos de oposição possam concorrer à eleição municipal no próximo mês, após não terem podido integrar o pleito.
“As autoridades estão descaradas. É a hora de defender nossos direitos”, disse Natalya Plokhova, uma consultora de recrutamento.
Enquanto as cenas se desdobravam em Moscou, o presidente Vladimir Putin apareceu na TV estatal com uma jaqueta de couro em um evento de motocicletas organizado pelo moto clube Lobos da Noite, na península da Crimeia, anexada pela Rússia da Ucrânia em 2014.
Até agora, Putin e o Kremlin evitaram comentar sobre os distúrbios relacionados às eleições municipais de Moscou.
A OVD-Info, entidade de monitoramento, disse que 178 pessoas foram detidas nas manifestações de sábado em Moscou e 80 em São Petersburgo. Um pequeno número de outras detenções ocorreu em outras cidades, incluindo Rostov-on-Don e Bryansk.
O protesto de Moscou foi realizado com permissão oficial, ao contrário das manifestações da semana passada. Ao final, centenas de manifestantes, a maioria jovens, entoando “Putin é ladrão” começaram a se reunir perto do prédio da administração presidencial, levando policiais a isolar a área e deter várias pessoas.
Antes do protesto, a polícia deteve a ativista de oposição, em greve de fome, Lyubov Sobol. Homens mascarados a retiraram do seu escritório e a polícia disse que tinha informações de que ela e outras ativistas planejavam uma “provocação” no protesto de sábado.
“Não conseguirei ir ao protesto. Mas vocês sabem o que fazer sem mim... a Rússia será livre!”, escreveu Sobol no Twitter.