Por Emmanuel Jarry e Robert-Jan Bartunek
PARIS/BRUXELAS (Reuters) - Policiais que investigam uma onda de ataques em Paris lançaram uma caçada internacional neste domingo por um homem que, acreditam, pode ter ajudado a organizar os ataques com dois de seus irmãos na Bélgica.
O Estado Islâmico reivindicou responsabilidade pelos ataques suicidas e a tiros de sexta-feira, que reiniciaram a disputa sobre a crise de refugiados enfrentada pela Europa e geraram pedidos para que seja interrompido o fluxo de muçulmanos que buscam asilo no continente.
A França informou que o número de mortos nos ataques subiu para 132, com 349 pessoas feridas, 42 delas recebendo tratamento intensivo.
Dois dos autores dos ataques em Paris eram franceses que moravam na Bélgica, disseram autoridades neste domingo. Um deles se explodiu no ataque, enquanto o outro foi preso no sábado quando tentava cruzar a fronteira.
A polícia disse estar buscando um homem nascido na Bélgica, Abdeslam Salah, em conexão com os ataques, e o descreveu como "perigoso". Uma fonte judicial disse que ele é irmão de um dos outros dois homens, que ele não identificou.
"Os abjetos ataques que nos atingiram na sexta-feira foram preparados fora do país e mobilizaram uma equipe na Bélgica que se beneficiou... de ajuda na França", disse o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, a jornalistas depois de se reunir com o ministro do Interior da Bélgica em Paris.
Abaladas pela carnificina, milhares de pessoas se reuniram em memoriais para homenagear as vítimas em quatro locais onde os ataques aconteceram, depositando flores e acendendo velas para lembrar as vítimas.
"Estamos vivendo um pesadelo", disse Caroline Pallut, cuja prima de 37 anos, Maud Serrault, foi morta quando os militantes islâmicos atacaram a casa de shows parisiense Bataclan, matando 89 pessoas, o mais sangrento da série de ataques de sexta.
"É tudo tão sem sentido. Ela tinha acabado de se casar."
Autoridades belgas disseram ter prendido sete pessoas em Bruxelas depois de dois carros registrados no país serem descobertos em Paris, ambos suspeitos de terem sido usados nos ataques.
"Não quero nenhum pregador do ódio em solo belga! Não há lugar para eles na Bélgica", disse o primeiro-ministro belga, Charles Michel, em sua conta no Twitter.
Uma fonte judicial disse que Salah, de 26 anos e que tem nacionalidade francesa, alugou um dos dois carros, um Volkswagen Polo, que foi encontrado perto do Bataclan.
Em um sinal de que pelo menos um dos atiradores pode ter fugido, uma fonte próxima às investigações disse que um carro da marca Seat, que também teria sido usado nos ataques, foi encontrado no subúrbio de Montreuil, a leste de Paris, com fuzis Kalashnikov dentro.
Somente o nome de um militante foi revelado --Ismael Omar Mostefai, um homem de 29 anos que morava na cidade de Chartres, a sudoeste de Paris. Ele foi identificado por meio das impressões digitais de um dedo que ele perdeu quando o colete com explosivos que vestia foi detonado.
A França disse que está em estado de guerra e prometeu derrotar o Estado Islâmico em suas bases no Iraque e na Síria, às quais aviões de guerra franceses têm atacado por meses como parte de uma campanha liderada pelos Estados Unidos contra o auto-declarado califado.
Museus e teatros permaneceram fechados em Paris pelo segundo dia neste domingo, com soldados patrulhando as ruas e as estações de metrô ao lado da polícia, depois que o presidente da França, François Hollande, declarou estado de emergência.