CAIRO (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, visitará Adis Abeba na semana que vem para negociações com seu colega etíope, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, em uma aposta para encerrar um impasse em relação a um projeto multibilionário para uma represa no rio Nilo.
A disputa, que também envolve o Sudão, concentra-se no controle de uma parcela das águas do Nilo que se estende por 6.695 km, desde o lago Vitória até o Mediterrâneo e é a força vital da economia dos três países.
O Cairo diz que a represa ameaça o fornecimento de água que alimenta a agricultura e a economia do Egito há milhares de anos.
A Etiópia diz que a represa de Grand Renaissance, a qual o país espera que o tornará o maior exportador de energia da África, não terá grandes impactos no Egito. O país acusa o Cairo de exercer sua influência política para impedir que os financiadores apoiem outros projetos de energia na Etiópia.
Delegações de Egito, Sudão e Etiópia se reuniram no Cairo em novembro para aprovar um estudo de uma empresa francesa comissionada para avaliar os impactos ambientais e econômicos da represa.
Mas as negociações estagnaram quando não chegaram a um acordo sobre o relatório inicial, com uns culpando os outros por bloquearem o processo.
O ministro de Irrigação do Sudão, Moataz Moussa, disse que o Egito não quer aceitar emendas ao relatório apresentadas por Cartum e Adis Abeba.
O Sudão e a Etiópia apresentaram preocupação em relação a vários pontos, especialmente sobre o patamar de comparação a partir do qual o estudo analisaria os impactos da represa, disse Moussa em novembro.
Outra fonte de desentendimento é se a Etiópia planeja completar a construção antes das negociações sobre os fluxos de água terem se encerrado.
(Por Nadine Awadalla e Eric Knecht)