Por Giuseppe Fonte e Christian Kraemer
STRESA, Itália (Reuters) - Ministros das Finanças de países europeus do G7 pediram nesta sexta-feira que o grupo permaneça unido para enfrentar as políticas industriais “injustas” da China, e alertaram para os riscos de uma guerra comercial, após os Estados Unidos terem aumentado os impostos contra Pequim. No primeiro dia de encontro de autoridades das Finanças do G7 na cidade de Stresa, no norte da Itália, os representantes de Alemanha, França e Itália pediram uma frente comum contra a força exportadora da China. Na semana passada, os Estados Unidos subiu uma série de impostos contra importações chinesas, incluindo para baterias de veículos elétricos, chips de computador e produtos médicos, alimentando temores de uma retaliação e a fragmentação do comércio global. Os EUA não estão pedindo para seus parceiros tomarem medidas similares, mas a secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, disse nesta quinta-feira querer que seus aliados do G7 -- Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá -- mostrem que estão ao lado de Washington. O ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, afirmou ser importante evitar uma guerra comercial com Pequim, que permanece sendo “nossa parceira econômica”, mas que o G7 precisa proteger seus interesses industriais contra as “práticas comerciais injustas” da China. A economia alemã, que é voltada para as exportações, teria muito a perder com a escalada das tensões comerciais, e o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, afirmou a repórteres que “guerras comerciais só geram derrotas, você não consegue vencê-las”. Contudo, o seu colega italiano, Giancarlo Giorgetti, que preside a reunião em Stresa, uma vez que a Itália detém a Presidência do G7 neste ano, disse que pode ser apenas questão de tempo antes de a União Europeia seguir os EUA na questão dos tributos. “Os Estados Unidos tomaram decisões muito difíceis, e a Europa vai ter que provavelmente considerar se fará o mesmo”, disse ele à emissora italiana RAI nesta sexta-feira. Com o risco de que as tarifas norte-americanas provoquem um aumento das exportações chinesas para a Europa, Giogetti afirmou ser vital que o G7 permaneça unido, e que os países europeus não passem a competir entre si. Os ministros receberão no sábado o colega ucraniano, Serhiy Marchenko, cujo país -- em guerra com a Rússia -- está tendo dificuldades para conter a ofensiva russa no norte e no leste da nação, mais de dois anos após a invasão. A União Europeia finalizou na terça-feira seu acordo para ajudar a Ucrânia, usando lucros “inesperados e extraordinários” de depositários europeus que detêm ativos russos. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, agradeceu à UE pela decisão, mas reiterou que Kiev espera a total tomada dos ativos russos, não apenas os juros, algo que foi descartado por vários países europeus por questões legais. A Itália espera aproveitar a reunião para retomar negociações sobre um imposto mínimo global para as multinacionais, mas Giorgetti disse que o acordo não será finalizado até junho, como estava previamente previsto. Ele afirmou que os EUA, a Índia e a China têm reservas sobre os termos do acordo, que foi assinado por cerca de 140 países em 2021, mas nunca totalmente implementado. O G7 também analisará uma proposta de imposto global sobre a riqueza dos bilionários, proposta por Brasil e França no G20. (Reportagem adicional de David Lawder e Jan Strupczewski)