Por David Ljunggren e Lesley Wroughton
TORONTO (Reuters) - Ministros das Relações Exteriores do G7 se reuniram nesta segunda-feira para condenar a Rússia por um comportamento que, segundo eles, abalou as leis internacionais, e pediram a Moscou para ajudar a resolver o conflito na Síria.
Os ministros concordaram em criar um grupo de trabalho para estudar o "comportamento nocivo" da Rússia, devido às preocupações com as ações de Moscou na Ucrânia e na Síria, disse o secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson.
Os comentários de Johnson a repórteres à margem de uma reunião de dois dias de ministros do G7, ressaltaram como as tensões entre Moscou e o Ocidente aumentaram nos últimos anos.
As agências de inteligência dos EUA disseram que a Rússia se intrometeu na campanha presidencial dos EUA em 2016, e o país também é apontado como culpado por um ataque com agente nervoso contra um ex-espião no Reino Unido no mês passado.
Johnson disse que os ministros do G7 concordaram com a necessidade de ser vigilantes sobre a Rússia, que nega a interferência nas eleições dos EUA ou envolvimento no ataque no Reino Unido.
"O que decidimos foi que vamos criar um grupo do G7 que analisará o comportamento nocivo da Rússia em todas as suas manifestações - seja na guerra cibernética, seja em desinformação, tentativas de assassinato, seja lá o que for", disse ele a repórteres.
A ministra do Exterior do Canadá, Chrystia Freeland, que organizou o evento, disse que os ministros do G7 expressaram profunda preocupação sobre o "desprezível" ataque com agentes nervosos no Reino Unido e os esforços da Rússia para desestabilizar as democracias se intrometendo nas eleições.
"Os países do G7 estão comprometidos em evitar, parar e responder a interferências estrangeiras", disse ela em entrevista coletiva ao final das conversas.
"Há consequências para aqueles que buscam minar nossas democracias", afirmou ela, acrescentando que havia uma clara união entre os aliados do G7 a respeito da Rússia.
O desafio para o G7 é que ele também precisa da ajuda de Moscou para resolver a crise na Síria, onde a Rússia e o Irã estão apoiando o presidente sírio, Bashar al-Assad.
O secretário de Estado interino dos EUA, John Sullivan, pediu a Moscou que pare de criar impedimentos à paz na Síria e que desempenhe um papel no fim do conflito que já dura sete anos.
"A Rússia deve ser um parceiro construtivo na Síria ou será responsabilizada", disse ele a repórteres.
A reunião do G7 é o primeiro encontro de alto nível dos aliados desde que Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram 105 mísseis contra instalações de armas químicas na Síria em retaliação a um suspeito ataque de gás venenoso em 7 de abril.
Os países ocidentais culpam Assad pelo ataque que matou dezenas de pessoas. O governo sírio e a Rússia negam envolvimento ou uso de gás venenoso em 7 de abril.
ACORDO DO IRÃ
O chanceler alemão, Heiko Maas, disse que os líderes da França e da Alemanha farão um apelo ao presidente dos EUA, Donald Trump, para que não se retire de um acordo nuclear com grandes potências.
Trump deu aos signatários europeus do acordo um prazo final de 12 de maio para resolver as "terríveis falhas" do acordo nuclear de 2015, ou ele se recusará a estender o alívio de sanções dos EUA ao Irã.
O acordo oferece alívio a Teerã de sanções em troca de conter seu programa nuclear.
"Nós aceitamos que o comportamento iraniano tenha sido desestabilizador na região, aceitamos que o presidente tenha alguns pontos válidos que precisam ser abordados, mas acreditamos que eles podem de serem abordados (dentro do acordo)", disse Johnson.