SÃO PAULO (Reuters) - A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu uma investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apurar suposto tráfico de influência com o objetivo de favorecer a construtora Odebrecht, afirmou a procuradoria nesta quinta-feira.
A decisão de abrir a investigação contra o ex-presidente, determinada pelo procurador Valtan Timbó Mendes Furtado, acontece depois de um inquérito preliminar de maio, conduzido pela procuradora Mirella Carvalho de Aguiar, para apurar se Lula beneficiou a Odebrecht entre 2011 e 2014, após deixar a Presidência, influenciando ações de autoridades estrangeiras e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, o Instituto Lula disse que o ex-presidente ficou surpreso com a decisão, já que o tema vinha sendo examinado pela procuradora da República Mirella de Carvalho Aguiar.
"Trata-se de um procedimento absolutamente irregular, intempestivo e injustificado, razão pela qual serão tomadas as medidas cabíveis para corrigir essa arbitrariedade no âmbito do próprio Ministério Público, sem prejuízo de outras providências juridicamente cabíveis", diz o comunicado.
Mais cedo, o Instituto Lula havia dito, por meio de sua assessoria de imprensa, que recentemente foram entregues documentos solicitados pela procuradora e que avalia que o tempo passado desde a entrega foi pouco para que ela os analisasse.
No inquérito preliminar, procurados citaram reportagens de que a Odebrecht venceu contratos em países como República Dominicana e Cuba depois que Lula se reuniu com líderes desses países, viajando às custas da empresa.
Na nota, o Instituto acrescentou que "Lula é alvo de um conjunto de manipulações e arbitrariedades com o propósito evidente de criar constrangimentos" e disse esperar que "o Ministério Público esclareça ao país o por que de procedimentos tão contraditórios".
A Odebrecht é uma das empresas investigadas pela operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de corrupção na Petrobras (SA:PETR4). O presidente da construtora, Marcelo Odebrecht, está preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, acusado de participação no esquema.
(Por Caroline Stauffer e Eduardo Simões, com reportagem adicional de Tatiana Ramil)