Por Clare Lovell
COBHAM, Inglaterra (Reuters) - José Mourinho se sentiu envergonhado pelos torcedores racistas que empurraram um passageiro negro para fora de um vagão do metrô de Paris, e espera que a vítima aceite o convite para assistir a um jogo no Stamford Bridge para provar que tal comportamento não reflete o verdadeiro Chelsea.
O homem, identificado apenas como Souleymane, se queixou à polícia sobre o incidente na estação de metrô Richelieu-Drouot antes do jogo da Liga dos Campeões entre Paris St. Germain e Chelsea, na terça-feira.
O Chelsea suspendeu três torcedores flagrados em vídeo durante o incidente, e disse que estava trabalhando junto às polícias britânica e francesa para identificar outros fãs. O clube convidou Souleymane e sua família para assistirem a partida de volta do confronto com o PSG, em março.
"Eu acho que ele iria assistir não só à partida, mas iria sentir o que é o Chelsea. Por enquanto ele tem a ideia errada do que é o Chelsea", disse Mourinho a repórteres nesta sexta-feira.
"Ele iria sentir que as pessoas que fizeram essa ação com ele não são o Chelsea. O Chelsea é o dono, a diretoria, o técnico, os jogadores, as pessoas que trabalham aqui, e também é a verdadeira torcida do Chelsea. Então eu apóio sua vinda para cá. Embora eu não saiba se ele é fã de futebol", acrescentou o técnico.
Após uma forte declaração do clube dizendo que o dono, Roman Abramovich, estava aborrecido com o incidente e que iria suspender para sempre qualquer fã que tenha participou, Mourinho disse que não voltou para Londres em 2013 para ter relações com pessoas tão "infelizes".
"Nós sentimos vergonha, mas talvez não devêssemos, porque eu me recuso a ser relacionado com essas pessoas. Eu deixei o Chelsea em 2007 e não podia esperar para voltar, e não é por causa dessas pessoas que eu quis voltar", disse Mourinho.
José Mourinho disse que a reação dos jogadores em uma equipe multicultural foi a mesma.
"A equipe... foi sempre uma equipe com grandes princípios de igualdade e não só sobre raça, mas também sobre religião, sobre tudo", disse o técnico português.
"A equipe reagiu da mesma maneira que eu, com desapontamento... mas sempre com o sentimento de que não pertencemos à essas pessoas e elas não pertencem à nós", completou.
O clube disse nesta sexta-feita que mais suspensões podem acontecer pelas investigações que seguem, mas não estão liberando nomes ainda.
O vídeo mostra torcedores do time londrino cantando "nós somos racistas e esse é o jeito que gostamos", enquanto impediaam Souleymane de embarcar no trem.
As cenas foram amplamente condenadas por autoridades do futebol, incluindo o presidente da Fifa, Joseph Blatter. 2015-02-20T151423Z_1006920001_LYNXMPEB1J0J8_RTROPTP_1_ESPORTES-FUT-RACISMO-CHELSEA-PARIS.JPG