ASSUNÇÃO (Reuters) - O Ministério Público do Paraguai disse nesta sexta-feira que irá enviar aos Estados Unidos os documentos dos últimos 24 anos vinculados especialmente a contratos comerciais de campeonatos como Copa Libertadores e Copa América, apreendidos durante uma batida realizada na quinta-feira na sede da Conmebol no Paraguai.
Os procuradores da Unidade Especializada em Crimes Econômicos e Lavagem de Dinheiro, Federico Espinoza e Hernán Galeano, lideraram a incursão no edifício localizado nos arredores de Assunção visando atender a um pedido de cooperação da Justiça dos Estados Unidos no âmbito do inquérito sobre a corrupção no futebol mundial.
"Foram individualizados documentos tais como contratos, atas de reuniões do comitê executivo, estatutos, regulamentos e outros relacionados à investigação", disse Galeano à imprensa durante uma coletiva na sede do Ministério Público.
"Eles vão de 1991 até 2015, inclusive a questão são os contratos entre Conmebol e empresas que tiveram a comercialização da Copa Libertadores e, especificamente, da Copa América", acrescentou ao explicar detalhes da batida que durou cerca de 10 horas.
Os EUA investigam um esquema de propina e acusa os delegados da Fifa e organizações dependentes de receberem milhões de dólares em subornos e comissões em troca da concessão de direitos de patrocínio em campeonatos de futebol.
O escândalo atingiu especialmente a Conmebol, que tem três ex-presidentes e altos executivos entre os acusados.
O órgão convocou uma nova eleição para 26 de janeiro para nomear um substituto de Juan Angel Napout, que renunciou depois de ser preso em Zurique, em dezembro, e ser extraditado para os Estados Unidos.
Galeano disse que o escritório de assuntos internacionais do Ministério Público irá coordenar junto às autoridades dos EUA a entrega dos documentos, que foram retirados do edifício em caixas seladas à meia-noite de quinta-feira.
Desde que foi inaugurada por Nicolas Leoz, há quase duas décadas, a sede da Conmebol tinha imunidade diplomática, mas perdeu o benefício no meio do ano passado, quando o Congresso retirou esse status logo após estourar o escândalo na Fifa.
(Por Daniela Desantis)