Mulher yazidi é libertada de Gaza após uma década em cativeiro

Publicado 03.10.2024, 15:19
Atualizado 03.10.2024, 15:25
© Reuters. Mulheres Yazidi levantam faixas durante manifestação exigindo seus direitos e a libertação dos sequestrados por militantes do Estado Islâmico, em Mosul, Iraquen03/06/2024nREUTERS/Khalid Al-Mousily

Por Timour Azhari

BEIRUT (Reuters) - Uma mulher de 21 anos de idade, sequestrada por militantes do Estado Islâmico no Iraque há uma década, foi libertada de Gaza nesta semana em uma operação secreta que durou meses e envolveu Israel, os Estados Unidos e o Iraque, segundo autoridades.

A mulher é membro da antiga minoria religiosa yazidi, localizada principalmente no Iraque e na Síria, que teve mais de 5.000 membros mortos e milhares de outros sequestrados em uma campanha do EI em 2014 que, segundo a ONU, constituiu genocídio.

Ela foi libertada após mais de quatro meses de esforços que envolveram várias tentativas devido à difícil situação de segurança resultante da ofensiva militar de Israel em Gaza, disse Silwan Sinjaree, chefe de gabinete do ministro das Relações Exteriores do Iraque, à Reuters.

Ela foi identificada como Fawzia Sido. A Reuters não conseguiu entrar em contato direto com a mulher, mas autoridades iraquianas disseram que ela estava descansando após se reunir com sua família no norte do Iraque.

Autoridades iraquianas estavam em contato com a mulher há meses e passaram informações às autoridades norte-americanas, que providenciaram sua saída de Gaza com a ajuda de Israel, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

Iraque e Israel não têm nenhum vínculo diplomático.

O Exército israelense disse que coordenou a operação para libertar Sido com a Embaixada dos EUA em Jerusalém e "outros atores internacionais".

Em um comunicado, o Exército israelense disse que o captor da refém foi morto durante a guerra de Gaza, presumivelmente por um ataque israelense, e que ela fugiu para um esconderijo dentro da Faixa de Gaza.

"Em uma complexa operação coordenada entre Israel, os Estados Unidos e outros atores internacionais, ela foi recentemente resgatada em uma missão secreta da Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom", disse.

Depois de entrar em Israel, ela seguiu para a Jordânia pelo cruzamento da Ponte Allenby e de lá retornou para sua família no Iraque, disseram os militares.

Um porta-voz do Departamento de Estado disse que os Estados Unidos na terça-feira "ajudaram a retirar com segurança de Gaza uma jovem mulher yazidi para se reunir com sua família no Iraque".

O porta-voz disse que ela foi sequestrada em casa, no Iraque, aos 11 anos, vendida e traficada para Gaza. Seu captor foi morto recentemente, permitindo que ela escapasse e buscasse repatriação, disse o porta-voz.

TRAUMATIZADA

Sinjaree disse que estava em boas condições físicas, mas que estava traumatizada pelo tempo que passou em cativeiro e pela terrível situação humanitária em Gaza.

O primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, tratou diretamente da questão com as autoridades norte-americanas nos bastidores da Assembleia Geral da ONU em Nova York no mês passado, de acordo com Khalaf Sinjar, assessor de Sudani para assuntos yazidis.

Mais de 6.000 yazidis foram capturados por militantes do Estado Islâmico na região de Sinjar, no Iraque, em 2014, e muitos deles foram vendidos como escravos sexuais ou treinados como crianças-soldados e levados para outros países, inclusive para a Turquia e a Síria.

Ao longo dos anos, mais de 3.500 foram resgatados ou libertados, de acordo com autoridades iraquianas, e cerca de 2.600 ainda estão desaparecidos.

Muitos são considerados mortos, mas ativistas yazidis dizem acreditar que centenas ainda estão vivos.

© Reuters. Mulheres Yazidi levantam faixas durante manifestação exigindo seus direitos e a libertação dos sequestrados por militantes do Estado Islâmico, em Mosul, Iraque
03/06/2024
REUTERS/Khalid Al-Mousily

(Reportagem de Timour Azhari)

((Tradução Redação Brasília))

REUTERS MCM 

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