Por Alistair Bell
WASHINGTON (Reuters) - Ao menos 15 jovens mulheres ocidentais que se juntaram ao Estado Islâmico e se casaram com combatentes jihadistas são agora viúvas, após o grupo militante ter sofrido perdas em confrontos na Síria e no Iraque, de acordo com pesquisadores que monitoram de perto a atividade online de islamistas radicais.
O Instituto para Diálogos Estratégicos (ISD, na sigla em inglês), sediado em Londres, forneceu à Reuters acesso a informações sobre 106 mulheres que diz terem se mudado para o território controlado pelo EI, enquanto permaneceram ativas online.
Entre as mulheres, 15 tiveram as mortes em confronto de seus maridos mencionadas em redes sociais, em comunicações feitas por elas mesmas ou por outros simpatizantes do EI, de acordo com a pesquisadora do ISD Melanie Smith.
Embora a Reuters não tenha podido verificar as identidades das mulheres de modo independente, muitas tiveram a partida para Síria e Iraque relatadas por parentes. Algumas foram identificadas por agentes de seguranças de seus próprios países ou deixaram rastros online, tais como a ativação do geolocalizador de suas contas no Twitter.
Melanie disse que a maioria das supostas viúvas perderam seus maridos nos últimos seis meses. O EI, que invadiu largas faixas dos territórios sírio e iraquiano desde junho do ano passado, sofreu alguns revezes recentes no campo de batalha, incluindo na cidade síria de Kobani, onde foi derrotado por forças curdas, com o suporte de ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos.
O bem-estar das estrangeiras é uma grande preocupação para o EI, que tenta atrair mais mulheres de fora para se casarem com combatentes islamistas, povoando em seguida o território sob seu controle.
A edição mais recente da revista online do EI, chamada Dabiq, clamou a "toda irmã (estrangeira) que tenha sido afetada pela perda de seu marido no campo de batalha" a não esmorecer.
"Sejam firmes, minhas queridas irmãs, sejam pacientes e esperem sua recompensa... Tenham cuidado, tenham cuidado com os pensamentos de retornar (para casa)", diz um dos artigos, no qual a publicação afirma que a migração de estrangeiras para o território do Estado Islâmico representa um compromisso religioso.
O anonimato permitido pela Internet e as condições a que as mulheres sob o julgo do EI são submetidas, sendo escondidas do ambiente público, dificultam a identificação de mulheres ocidentais entre os integrantes do grupo.
A base de dados do ISD contabiliza mulheres estrangeiras que se autoidentificaram como vivendo em território controlado pelo EI, permanecendo ativas em redes sociais. Elas com frequência identificam suas nacionalidades e pseudônimos em descrições no Twitter e similares.
As mulheres escrevem com frequência sobre suas vidas no território controlado pelo EI, com postagens detalhadas e imagens das ruas de Iraque e Síria. As publicações variam de manifestações de pesar a pedidos para que líderes ocidentais sejam assassinados, passando por expressões ocasionais de descontentamento com o tratamento recebido por elas. Tais postagens não parecem ser controladas pelo EI, dizem os pesquisadores.
Rita Katz, fundadora do SITE, grupo de inteligência sediado nos EUA que monitora sites jihadistas, afirmou ser provável a existência de muito mais do que 15 viúvas ocidentais.
"Nem todas elas estão tuitando sobre isso", afirmou ela.
Melanie Smith disse que as 15 viúvas identificadas pelo ISD têm entre 16 e 26 anos de idade. Baseada principalmente em referências presentes nas próprias postagens, a pesquisadora acredita que sete das mulheres sejam britânicas. Entre as outras nacionalidades estariam as francesa, belga, canadense, norte-americana, australiana e sul-africana.
(Reportagem adicional de Mark Hosenball)