Por Anne Mimault and Thiam Ndiaga
OUAGADOUGOU (Reuters) - Mais de mil pessoas se reuniram na capital de Burkina Faso, Ouagadougou, nesta terça-feira em apoio a um golpe de Estado que derrubou o presidente Roch Kabore no dia anterior, dissolveu o governo, suspendeu a Constituição e fechou as fronteiras do país.
O último de uma longa história de golpes na África Ocidental acontece em meio a uma insurgência islâmica sangrenta que fez milhares de vítimas fatais e deslocou milhões pela região do Sahel.
Militares anunciaram que haviam derrubado Kabore na segunda-feira, uma medida condenada internacionalmente, mas saudada entre a população do país, cansada da insegurança generalizada, suposta corrupção e profunda pobreza.
A multidão se reuniu na praça nacional de Ouagadougou para tocar música ao vivo, com cornetas e dança. Um repórter da Reuters viu um grupo queimando uma bandeira francesa, um sinal da crescente frustração sobre o papel militar que a ex-potência colonial desempenha na região.
"ECOWAS não se importa conosco, e a comunidade internacional quer apenas condenar", disse o manifestante Armel Ouedraogo, em referência ao bloco político regional da África Ocidental. "Isso é o que queremos."
As regiões rurais no norte e leste de Burkina Faso têm sido duramente atingidas por episódios de violência causados por extremistas islâmicos, incluindo o assassinato de 49 soldados em um posto de segurança em novembro, que levou a protestos violentos pedindo a derrubada de Kabore.
Os golpistas, que se autodenominam de Movimento Patriótico pela Salvaguarda e Restauração (MPSR), liderados por um tenente-coronel chamado Paul-Henri Sandaogo Damiba, dizem que Kabore fracassou em unir o país ou garantir a segurança.
(Reportagem de Anne Mimault e Thiam Ndiaga)