Por Philip Pullella e Gabriel Stargardter
CIUDAD JUÁREZ, México (Reuters) - O papa Francisco fez nesta quarta-feira uma crítica contundente do capitalismo numa viagem à fronteira mexicana com os Estados Unidos, dizendo que Deus vai cobrar a responsabilidade dos “feitores de escravos” que exploram os trabalhadores.
"O fluxo de capital não pode decidir o fluxo das pessoas”, afirmou ele em Ciudad Juárez, uma cidade industrial próxima a El Paso, no Texas, onde muitas empresas internacionais têm fábricas para exportar produtos para os EUA.
Num discurso a líderes empresariais e representantes dos trabalhadores, o primeiro papa da América Latina atacou a “mentalidade predominante que defende os maiores lucros possíveis, de forma imediata e a qualquer custo”.
No último dia da sua visita de seis dias ao México, o papa argentino denunciou “a exploração dos empregados como se eles fossem objetos para serem usados e descartados”, afirmando que o melhor investimento que as empresas podem fazer para ajudar a sociedade é em pessoas e famílias.
"Deus vai cobrar a responsabilidade dos 'feitores de escravos' dos nossos dias”, declarou.
O papa já chamou no passado o dinheiro de 'esterco do mal' e denunciou o que ele chama de “maus” do capitalismo desenfreado, provocando críticas de líderes empresariais norte-americanos.
O papa iria celebrar uma missa mais tarde a metros da fronteira norte-americana, onde, esperava-se, ele iria defender com ênfase os direitos dos imigrantes nos EUA.
O papa visitou algumas das áreas mais marginalizadas no México, pedindo aos jovens no estado de Morelia, área atingida por violência, para evitar o tráfico de drogas e irem de encontro aos ricos e corruptos do país.
Um importante centro industrial, Ciudad Juárez tem sido bastante atingida pela violência das drogas nos últimos anos. Ela é também um importante ponto de cruzamento para mexicanos, centro-americanos e asiáticos que tentam chegar aos EUA de forma ilegal.