Por Mark Trevelyan
LONDRES (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta segunda-feira que não pode haver vencedores em uma guerra nuclear e que tal conflito nunca deve ser iniciado.
O líder russo fez o comentário em uma carta enviada aos participantes de uma conferência sobre o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), cinco meses após o início de sua guerra contra a Ucrânia.
"Partimos do fato de que não pode haver vencedores em uma guerra nuclear e ela nunca deve ser desencadeada, e defendemos uma segurança igual e indivisível para todos os membros da comunidade mundial", disse ele.
As palavras de Putin ao fórum parecerem ter o objetivo de dar uma nota tranquilizadora e retratar a Rússia como uma potência nuclear responsável.
Tal comentário contrasta com declarações anteriores de Putin e outros políticos russos que foram interpretadas no Ocidente como ameaças nucleares implícitas.
Em um discurso em 24 de fevereiro, quando lançou a invasão russa à Ucrânia, Putin se referiu incisivamente ao arsenal nuclear de seu país e alertou as potências externas que qualquer tentativa de interferência "levaria a consequências nunca vistas na história".
Dias depois, ele ordenou que as forças nucleares da Rússia fossem colocadas em alerta máximo.
A guerra elevou as tensões geopolíticas a níveis não vistos desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, com políticos na Rússia e nos Estados Unidos falando publicamente sobre o risco de uma Terceira Guerra Mundial.
O diretor da CIA, William Burns, disse em abril que, devido aos reveses sofridos pela Rússia na Ucrânia, "nenhum de nós pode ignorar a ameaça representada por um potencial uso de armas nucleares táticas ou armas nucleares de baixo rendimento".
A Rússia, cuja doutrina militar permite o uso de armas nucleares no caso de uma ameaça existencial ao Estado russo, acusou o Ocidente de travar uma "guerra por procuração" ao armar a Ucrânia e impor sanções contra Moscou.
Mais cedo nesta segunda-feira, uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Rússia questionou a seriedade dos comentários do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo negociações sobre uma estrutura de controle de armas nucleares para substituir um tratado que expira em 2026.
Em abril, a Rússia realizou um primeiro teste de lançamento de seu novo míssil balístico intercontinental, chamado Sarmat, que é capaz de realizar ataques nucleares contra os Estados Unidos, e disse que planeja implantar as armas ainda este ano.