Por Steve Gorman
(Reuters) - A Nasa apresentou ao público nesta quarta-feira um primeiro vislumbre do que os cientistas encontraram dentro de uma cápsula selada que retornou à Terra no mês passado, carregando uma amostra de solo rico em carbono retirada da superfície de um asteróide, incluindo minerais argilosos contendo água.
Uma pequena quantidade do material coletado pela espaçonave OSIRIS-REx há três anos no asteroide Bennu, próximo da Terra, foi revelada em um auditório do Centro Espacial Johnson da Nasa, em Houston, pouco mais de duas semanas depois de ter pousado de paraquedas no deserto de Utah.
O pouso da cápsula de retorno encerrou uma missão conjunta de sete anos da agência espacial dos EUA e da Universidade do Arizona. Foi apenas a terceira amostra de asteroide, e de longe a maior, que retornou à Terra para análise, após duas missões semelhantes da agência espacial japonesa que terminaram em 2010 e 2020.
“São dias como este que continuam a me surpreender”, afirmou o chefe da Nasa, Bill Nelson no palco, ao apresentar em uma tela a primeira imagem do material recuperado de Bennu, um artefato celeste com cerca de 4,5 bilhões de anos.
A imagem mostrou um aglomerado solto de pequenas rochas cor de carvão, seixos e poeira que foram deixados na parte externa do conjunto de coleta de amostras quando o solo do asteroide foi sugado, através de um filtro, para o recipiente de armazenamento da espaçonave.
Os técnicos ainda estão desmontando metodicamente o hardware que envolve o recipiente científico interno, que contém a maior parte do espécime, um processo que deve levar mais duas semanas.
Mas a amostra “bônus” do material transbordado foi imediatamente examinada com microscópios eletrônicos e instrumentos de raios X, disse Dante Lauretta, principal pesquisador da missão na Universidade do Arizona.
O que os cientistas encontraram foi material rico em carbono, quase 5% em peso de um elemento essencial para toda a vida na Terra, assim como moléculas de água presas na estrutura cristalizada das fibras de argila, disse Lauretta.
Os pesquisadores também descobriram minerais de ferro na forma de sulfetos e óxidos de ferro, “que por si só são indicativos de formação em um ambiente rico em água”, disse Lauretta em uma coletiva de imprensa.
Daniel Glavin, cientista sênior de amostras do Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, disse que as primeiras análises descobriram que o material parece estar “carregado com produtos orgânicos”.
As descobertas preliminares apontam para a probabilidade de novas descobertas que possam reforçar a hipótese de que a Terra primitiva foi semeada com os ingredientes primordiais para a vida por objetos celestes como cometas, asteróides e meteoritos, que bombardearam o jovem planeta.
(Reportagem de Steve Gorman em Los Angeles)