Por Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - Dois navios de guerra da Marinha dos Estados Unidos navegaram por águas internacionais no Estreito de Taiwan neste domingo, na primeira operação desse tipo desde que uma visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, Nancy Pelosi, enfureceu a China, que considera a ilha seu território.
A Marinha dos EUA, confirmando uma reportagem da Reuters, disse que os cruzadores Chancellorsville e Antietam estavam realizando a operação em andamento. Essas movimentações geralmente levam de oito a 12 horas para serem concluídas e são monitoradas de perto pelos militares da China.
Nos últimos anos, navios de guerra dos EUA e, ocasionalmente, de nações aliadas, como Grã-Bretanha e Canadá, navegaram rotineiramente pelo estreito, atraindo a ira da China, que reivindica Taiwan.
A viagem de Pelosi a Taiwan no início de agosto enfureceu a China, que a viu a medida como uma tentativa dos EUA de interferir em seus assuntos internos. A China posteriormente lançou exercícios militares perto da ilha, que continuaram desde então.
"Esses navios (dos EUA) transitaram por um corredor no estreito que está além do mar territorial de qualquer Estado costeiro", disse a Marinha dos EUA.
A operação demonstra o compromisso dos EUA com um Indo-Pacífico livre e aberto, e os militares do país voam, navegam e operam em qualquer lugar que a lei internacional permita, disse a Marinha.
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, ecoou essa posição na CNN, dizendo que a passagem dos navios era "muito consistente" com a política de "uma só China" dos EUA e de buscar "um Indo-Pacífico livre e aberto".
Kirby acrescentou que a operação foi planejada há muito tempo.
A unidade militar chinesa responsável pela área adjacente a Taiwan, o Comando de Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular, disse que estava seguindo os navios e os avisando.
"As tropas de teatro permanecem em alerta máximo e estão prontas para frustrar qualquer provocação a qualquer momento", afirmou em comunicado.
O Ministério da Defesa de Taiwan disse que os navios estavam navegando na direção sul e que suas forças estavam os observando, mas que "a situação estava normal".
O Estreito de Taiwan tem sido uma fonte frequente de tensão militar desde que o governo derrotado da República da China fugiu para Taiwan em 1949, depois de perder uma guerra civil com os comunistas, que estabeleceram a República Popular da China.
Taiwan diz que a República Popular da China nunca governou a ilha e, portanto, não tem direito a ela, e que apenas os 23 milhões de habitantes de Taiwan podem decidir seu futuro.
(Reportagem adicional de Ben Blanchard, em Taipé; Kevin Yao, em Pequim; e Jonathan Landay, em Washington)