Por Felix Onuah e Camillus Eboh
ABUJA (Reuters) - A Nigéria disse nesta sexta-feira que fechou um cessar-fogo com o grupo de militantes islâmicos Boko Haram e chegou a um acordo para a libertação de mais de 200 meninas em idade escolar que foram sequestradas pelo grupo seis meses atrás.
Não houve confirmação imediata do acordo pelos militantes, que causaram caos durante cinco anos no principal produtor de petróleo africano e desencadearam uma reação internacional ao sequestrar as meninas da cidade de Chibok, no nordeste do país, em abril.
"Gostaria de informar esta audiência que um acordo de cessar-fogo foi fechado", disse o chefe militar da Nigéria, marechal Alex Badeh, acrescentando que o acordo foi feito depois de três dias de discussões com o grupo.
O porta-voz do governo Mike Omeri disse que o acordo envolve a liberação das meninas e que o Boko Haram deu garantias que "todas as meninas e as outras pessoas em cativeiro estão vivas e bem".
A libertação dessas pessoas deve representar um grande impulso eleitoral para o presidente Goodluck Jonathan, que enfrenta eleição no ano que vem e foi atacado no país e internacionalmente pela lentidão ao responder ao sequestro e pela sua incapacidade de conter a violência, a principal ameaça de segurança na maior economia africana.
O departamento de Estado dos Estados Unidos disse que não pôde "confirmar de maneira independente" se um acordo foi fechado entre a Nigéria e o Boko Haram. Os EUA estão entre diversos aliados ocidentais auxiliando as forças militares nigerianas com treinamento e inteligência tática para enfrentar o Boko Haram.
A porta-voz do departamento de Estado Marie Harf disse, contudo, que os Estados Unidos veem com bons olhos o fim das hostilidades e a libertação das meninas.
Além de uma aparição em um vídeo do Boko Haram, as meninas não foram mais vistas desde o ataque noturno na cidade que faz fronteira com Camarões, ainda que a polícia e um dos pais tenha dito no mês passado que uma das vítimas foi libertada.
Boko Haram, cujo nome pode ser traduzido como 'educação ocidental é pecaminosa', já matou milhares de pessoas em sua tentativa de criar um califado islâmico no grande cerrado no nordeste da Nigéria, uma área empobrecida do país.
Uma autoridade nigeriana sênior confirmou que ainda não está claro se o país estava negociando com o autoproclamado líder do movimento, Abubakar Shekau, ou se com outra facção dentro do grupo.
"O compromisso entre as partes do Boko Haram e os militares parece ser genuíno", disse a fonte de segurança à Reuters.
Diversas rodadas de discussões foram tentadas nos últimos anos, mas um acordo de paz não foi encontrado, em parte porque acredita-se que grupo conta com divisões profundas.
"Há discussões, mas depende da adesão de todo o grupo. Ficaria surpreso se Shekau, subitamente, mudasse de ideia e que está pronto para um cessar-fogo", a fonte acrescentou.
O governo estava negociando com Danladi Ahmadu, um homem que se apresenta como o secretário-geral do Boko Haram, de acordo com uma fonte da Presidência. Não estava claro se Ahmadu é parte da mesma facção de Shekau.
Fontes de segurança no vizinho Chade disseram que intermediários do Chade estiveram envolvidos nas discussões, que são parte de um acordo maior que culminou, uma semana atrás, com a libertação de 27 reféns, incluindo 10 trabalhadores chineses que foram sequestrados em Camarões.