Por Dan Williams e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou aos Estados Unidos, nesta segunda-feira, que o acordo nuclear em negociação com o Irã pode ameaçar a sobrevivência de Israel, e reiterou que ele tem a "obrigação moral" de ressaltar as diferenças profundas com o presidente norte-americano, Barack Obama, sobre a questão.
Em uma prévia do discurso que fará ao Congresso dos EUA na terça-feira, que já tem colocado em risco os laços entre EUA e Israel, Netanyahu manifestou preocupação de que as conversas entre o Irã e potências mundiais permitam a Teerã se tornar um Estado com armas nucleares, e disse que isso não pode acontecer.
"Como primeiro-ministro de Israel, eu tenho a obrigação moral de falar sobre esses perigos enquanto ainda há tempo de revertê-los", disse Netanyahu, sob aplausos do público, em conferência anual do Comitê Americano Israelense de Relações Públicas, o principal grupo norte-americano de lobby pró-Israel.
Ao mesmo tempo, Netanyahu buscou reduzir a tensão nos laços entre EUA e Israel, dizendo que o relacionamento entre seu país e os Estados Unidos está "mais forte do que nunca" e continuará a melhorar. Ele disse que as alegações sobre um esgarçamento na relação são "não apenas prematuras, simplesmente estão erradas".
Os laços conturbados entre Obama e Netanyahu atingiram um novo ponto de conflito devido ao discurso planejado do líder israelense ao Congresso dos EUA na terça-feira, poucas semanas antes do prazo final de março para um acordo preliminar entre o Irã e as potências.
Netanyahu deve pressionar os parlamentares norte-americanos a bloquearem um acordo com o Irã, que ele considera colocar em risco a existência de Israel, mas que assessores de Obama afirmam ser um possível marco da política externa do presidente.
O convite a Netanyahu foi orquestrado por líderes republicanos no Congresso com o embaixador israelense, sem ouvir antes a Casa Branca, numa quebra de protocolo que enfureceu o governo Obama.
O presidente disse que não se encontrará com Netanyahu durante esta viagem, uma vez que o fazer apenas duas semanas antes das eleições israelenses poderia ser visto como uma interferência.
(Reportagem de Matt Spetalnick, Dan Williams, Doina Chiacu e Emily Stephenson)