Por Devjyot Ghoshal
NOVA DÉLHI (Reuters) - Confrontos entre milhares de manifestantes e a polícia irromperam em Nova Délhi, capital da Índia, nesta terça-feira, na mais recente onda de violência durante protestos contra uma lei que facilita a nacionalização de não muçulmanos vindos de países vizinhos.
O governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, alega que a nova lei protege minorias religiosas, como hindus e cristãos, de perseguições em Bangladesh, Paquistão e Afeganistão ao oferecer um caminho em direção à cidadania indiana
No entanto, a lei não se aplica aos muçulmanos, o que críticos dizem enfraquecer as fundações seculares da Índia.
A polícia disparou gás lacrimogêneo na região de New Seelampur para afastar os manifestantes, que se escondiam atrás de barricadas e atiravam pedras. Ao menos dois policiais ficaram feridos, disse uma testemunha da Reuters.
"Começou como um protesto pacífico contra a lei da cidadania... mas saiu do controle", disse o morador Azib Aman.
Carros foram danificados e estradas ficaram cobertas por pedras enquanto pequenos incêndios nas vias lançavam fumaça no ar. Pequenos grupos de jovens, alguns com seus rostos cobertos, atiravam pedras e garrafas.
Há crescentes preocupações em torno das medidas do governo, liderado pelo partido hindu-nacionalista de Modi, em relação aos 172 milhões de muçulmanos na Índia, que representam cerca de 14% da população.
A lei da cidadania segue a revogação do status especial da Caxemira, região de maioria muçulmana, e uma decisão judicial favorável à construção de um templo hindu no local de uma mesquita destruída por entusiastas do hinduísmo.
O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, disse que as ações da Índia sobre a Caxemira e a lei da cidadania podem afastar os muçulmanos da Índia, levando a uma crise de refugiados.
"Estamos preocupados que não haja apenas uma crise de refugiados, estamos preocupados que isso possa conduzir a um conflito entre dois países detentores de armas nucleares", afirmou Khan a um fórum global sobre refugiados em Genebra.
Modi disse em um comício para uma eleição estadual nesta terça-feira que seus rivais políticos estão tentando enganar estudantes e outros para provocar protestos.
"Isso é política de guerrilha, eles deveriam parar de fazer isso."