Por Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - Ele acusou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de antissemitismo, sugeriu que o presidente do seu próprio país não era importante o suficiente para ser assassinado e descreveu o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, como tendo as habilidades mentais de um menino de 12 anos.
As farpas de Ran Baratz no Facebook e na Internet poderiam não ter chamado tanto a atenção se não fosse uma coisa: a nomeação do professor de filosofia de 42 anos como novo diretor de comunicações do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Como chefe de diplomacia pública e mídia, Baratz, indicado para o posto na quarta-feira, terá a tarefa de melhorar a reputação de Israel no mundo.
Contudo, dias antes de Netanyahu embarcar para uma visita à Casa Branca para tentar consertar os estragos depois das desavenças duras relacionadas ao acordo nuclear com Irã, ao qual Israel se opõe, o momento da decisão de nomear Baratz levantou algumas questões.
Horas depois da nomeação, a imprensa israelense encontrou um punhado de recortes, citações apelativas no Facebook e artigos que ele publicou em sites de notícias. A equipe de Netanyahu parece não ter feito uma checagem.
Uma autoridade disse que Baratz se desculpou com Netanyahu num telefonema, e, em comunicado, o premiê se distanciou dos comentários, mas indicou que a nomeação continuava valendo. Ele disse que os dois se encontrarão, a pedido de Baratz, depois da viagem da semana que vem aos EUA.
"Acabei de ler as coisas que Ran Baratz publicou na Internet, incluindo os comentários sobre o presidente de Israel, o presidente dos EUA e outras figuras públicas daqui e dos EUA. Eles não são apropriados e não refletem as minhas posições e as políticas do governo", afirmou Netanyahu.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, elogiou as desculpas de Baratz e disse que seus comentários não afetariam o potencial de Obama e Netanyahu em avançar sobre os interesses mútuos de seus países.
"É facilmente perceptível que esse pedido de desculpas foi justificável. Mas, obviamente, as decisões que o primeiro-ministro Netanyahu tem de fazer sobre quem vai servir o seu governo e representá-lo e ao seu país são decisões que ele legitimamente vai fazer por conta própria", disse Earnest em entrevista coletiva.
Em uma postagem no Facebook em março passado, Baratz disse que a resposta de Obama a um discurso de Netanyahu ao Congresso dos EUA, durante o qual ele criticou o acordo com o Irã, "foi o que parece ser aquele antissemitismo nos países ocidentais e liberais".
Obama disse à época que ninguém pode contestar que o Irã repetidamente esteve "engajado nas mais venenosas das declarações antissemitas". Mas, afirmou o presidente, Netanyahu não ofereceu alternativas viáveis "para a questão central, que é como vamos evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear."