Por Hugh Bronstein
BUENOS AIRES (Reuters) - Especialistas forenses encontraram indícios de DNA de uma segunda pessoa no apartamento onde um promotor argentino foi achado morto no mês passado, depois de acusar a presidente do país de acobertar os autores de um atentado de 1994 na capital.
Os investigadores esperam que a nova prova de DNA esclareça o caso, que desencadeou teorias conspiratórias envolvendo a presidente do país, Cristina Kirchner, agentes de inteligência rebelados e um grupo de iranianos acusados nos tribunais argentinos de terem bombardeado o centro comunitário judaico Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) 21 anos atrás.
O corpo do promotor Alberto Nisman foi encontrado em seu banheiro no dia 18 de janeiro, com um tiro na cabeça e uma pistola ao lado. Ele tinha uma audiência no Congresso para apresentar seu caso no dia seguinte, quando iria acusar Cristina de tentar desencaminhar a investigação criminal sobre o ataque que matou 85 pessoas.
Até esta terça-feira não havia sinais de mais ninguém no apartamento de Nisman em Buenos Aires. A juíza encarregada do caso apresentou documentos à corte dizendo que uma amostra "correspondendo a um perfil genético diferente do de Nisman" foi encontrada.
As pessoas que visitaram Nisman nos dias que antecederam sua morte serão convocadas para fornecer amostras de DNA, afirmou a juíza Fabiana Palmaghini.
O chefe de gabinete da presidente, Aníbal Fernández, declarou aos repórteres nesta terça-feira que tudo indica que Nisman tirou a própria vida. Mas o governo tem emitido sinais contraditórios, o que deixa a população confusa sobre a morte do promotor.
Na segunda-feira, Gustavo López, um subsecretário da presidência, disse que a morte misteriosa é parte de "uma tentativa de golpe de Estado, que almeja se livrar da presidente".
Nisman não dava mostras de ser suicida, afirmaram amigos. Ao contrário, eles disseram que ele estava pronto para ir ao Congresso no dia 19 de janeiro para apresentar o caso e sustentar que Cristina conspirou para livrar os suspeitos do atentado como maneira de ter acesso ao petróleo iraniano, necessário para ajudar a sanar o déficit energético anual de 7 bilhões de dólares da Argentina.
O governo classificou a acusação de ridícula. Cristina deixa o governo no final do ano, impedida por lei de concorrer a um terceiro mandato.
O próximo grande passo da investigação deve ser o testemunho do ex-chefe do serviço de espionagem argentino, Antonio Stiusso, demitido pela presidente em dezembro. Aníbal Fernández afirma que Stiusso convenceu Nisman a fazer a acusação de conspiração contra Cristina em represália por sua demissão.
(Reportagem adicional de Eliana Raszewski)