Por Renee Maltezou
ATENAS (Reuters) - Um lembrete apareceu no calendário do celular de Danai Deligeorges na noite desta quinta-feira: “Casamento”. Ela sorriu e olhou para a sua companheira, Alexia Beziki, que perguntou “Você está pronta?”, antes de o casal se beijar.
Nesta noite, Deligeorges e Beziki se tornaram um dos primeiros casais lésbicos da Grécia a se casar, depois de o Parlamento ter aprovado uma lei histórica permitindo a união de pessoas do mesmo sexo.
A aprovação da lei, que também dá aos casais LGBT o direito à adoção, ocorreu após décadas de luta da comunidade por igualdade no casamento, em um país socialmente conservador onde a Igreja Ortodoxa há tempos domina o cenário religioso.
“Agora podemos confirmar com uma declaração: querem saber? Vocês não fizeram tudo isso em vão”, afirmou Deligeorges na cerimônia. “Então, o amor vence”.
O prefeito de Atenas, Haris Doukas, casou-as em uma cerimônia discreta no centro de Atenas, da qual participaram algumas dezenas de amigos e parentes. A sala no edifício público foi palco de efusivos aplausos quando elas trocaram os votos e se abraçaram. Deligeorges chorou.
“Parabéns para este país”, afirmou o casal.
Deligeorges pediu Beziki em casamento em 2022, quando a união ainda era proibida. No mês passado, Beziki deu à luz, mas pela lei sua companheira não era considerada a guardiã legal do bebê. A votação no Parlamento, em 15 de fevereiro, mudou tudo isso.
“Foi uma vitória também para todas as pessoas que acreditam que todos os indivíduos devem ser vistos por suas escolhas”, disse Beziki, uma atriz de 43 anos.
A aprovação não veio sem oposição. A Igreja Ortodoxa, que classifica a homossexualidade como um pecado, opõe-se veementemente ao casamento de pessoas do mesmo sexo. O primeiro matrimônio foi celebrado em Atenas, na semana passada, sob proteção policial. O casal recebeu ameaças.
(Reportagem de Renee Maltezou)