Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, irá desafiar o Congresso dominado pelos republicanos propondo um aumento de impostos para ajudar os norte-americanos de classe média no discurso do Estado da União desta terça-feira, que irá dar início a um debate acirrado e pode ter impacto na campanha que o substituirá em 2016.
Em seu pronunciamento, Obama irá propor um plano para aumentar os benefícios à classe média elevando os impostos para os ricos e as empresas de serviços financeiros em 320 bilhões de dólares ao longo de 10 anos.
Depois da eleição legislativa de novembro, Obama e os republicanos deram sinais de que veem a reforma fiscal como área de possíveis concessões. Mas os republicanos que controlam as duas casas do Congresso não estão dispostos a aumentar impostos para ninguém e logo repudiaram a sugestão do presidente.
"Este plano de que vamos ouvir falar esta noite parece tratar mais de redistribuição, com uma complexidade adicional, e luta de classes, direcionada a pequenos negócios que geram empregos, do que de reforma fiscal", disse o senador republicano Orrin Hatch, o principal redator de leis fiscais do Senado, em um discurso na Câmara de Comércio dos EUA.
O objetivo de Obama é ajudar aqueles que não foram resgatados pela recuperação econômica em andamento após seus seis anos no cargo, que o democrata assumiu em um momento de crise financeira grave.
Ansioso para abrilhantar seu legado a dois anos do final de seu segundo mandato, Obama irá comparecer diante da sessão conjunta do Congresso à meia-noite (horário de Brasília). O discurso será sua melhor oportunidade no ano para chamar a atenção dos milhões de norte-americanos que o estarão vendo na televisão.
"Agora que batalhamos até sair da crise, como podemos fazer com que todos neste país, como podemos fazer com que compartilhem desta economia em crescimento?", disse Obama em uma prévia de seu pronunciamento no YouTube, parte de uma sofisticada estratégia de mídia da Casa Branca para fazer ecoar os temas da fala presidencial.
Pesquisas recentes mostram que a popularidade de Obama saiu de seus índices mais baixos. Um levantamento da rede NBC News e do jornal Wall Street Journal realizada na semana passada revelou que 49 por cento dos norte-americanos aprovam a condução de Obama na economia, a taxa mais alta desde seu primeiro ano de governo.
O discurso também permitirá a Obama atualizar seus compatriotas sobre a luta contra os extremistas islâmicos duas semanas depois de 17 pessoas terem sido mortas em ataques em Paris.
Ele ainda defenderá sua decisão de buscar normalizar as relações diplomáticas dos EUA com Cuba. Alan Gross, o ativista humanitário norte-americano cuja libertação de uma prisão cubana ajudou a abrir caminho para a restauração dos laços diplomáticos com Havana, será um dos convidados da primeira-dama, Michelle Obama, no discurso.
(Reportagem adicional de Roberta Rampton, Susan Heavey e Susan Cornwell)