Obama pede que norte-americanos fiquem atentos a ameaças internas

Publicado 18.12.2015, 20:01
© Reuters. Obama concede entrevista na Casa Branca

Por Roberta Rampton e Ayesha Rascoe

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu aos norte-americanos nesta sexta-feira para que eles permaneçam atentos contra a potencial ameaça de militantes do Estado Islâmico formados dentro do próprio país, devido à dificuldade em rastrear agressores "lobos solitários" como os que fizeram um ataque a tiros na Califórnia.

Obama apareceu na sala para a imprensa da Casa Branca para uma entrevista de fim de ano pouco antes de viajar para San Bernardino, na Califórnia, onde no dia 2 de dezembro o ataque a tiros ocorreu, para um encontro particular com as famílias das vítimas, no seu caminho para o Havaí, onde ele passará os feriados.

Obama falou duro sobre as perspectivas de derrotar os militantes do Estado Islâmico, grupo que controla amplos pedaços de território na Síria e no Iraque, mas admitiu que as agências de segurança dos Estados Unidos têm limitações para rastrear a ameaça internamente no país.

"Todos nós podemos fazer a nossa parte ao ficarmos atentos, ao dizermos algo se percebermos alguma coisa suspeita, ao nos recusarmos a ser aterrorizados, e ao ficarmos unidos como uma única família norte-americana", declarou Obama.

Um dia depois de dizer aos norte-americanos que não havia atualmente uma ameaça militante crível nos EUA, Obama reconheceu que "conspiradores lobos solitários" são difíceis de rastrear, particularmente se eles são marido e mulher como os dois muçulmanos radicalizados que mataram 14 pessoas em San Bernardino.

Obama afirmou que mensagens em redes sociais de potenciais militantes são constantemente examinadas pelas agências de segurança, mas que comunicações privadas são muito mais difíceis de seguir.

Ele disse acreditar que as autoridades de segurança têm alcançado o equilíbrio certo entre as preocupações com a privacidade e a necessidade de assegurar a coleta de informações.

SÍRIA

A respeito de um difícil dilema na política externa, Obama falou com cuidado sobre como fazer para que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, deixe o poder.

Obama há anos exige a renúncia de Assad, mas nunca uma transição política foi acordada, e a iniciativa russa de defender Assad tem complicado os esforços diplomáticos de encontrar uma maneira para que Assad deixe o poder e para que a guerra civil síria se resolva.

Obama tem atraído críticas dos candidatos republicanos a presidente por conta da política para a Síria. Eles afirmam que o presidente está deixando um vácuo de liderança que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, busca preencher.

"Eu acho que Assad vai ter que sair para que o país interrompa o derramamento de sangue e para que todas as partes sejam capazes de avançar de uma forma não sectária. Ele perdeu legitimidade", disse Obama.

Ele afirmou que diplomatas precisam encontrar uma maneira de criar uma transição que permita que aliados de Assad, como o Irã e a Rússia, assegurem "que seus interesses sejam respeitados" na Síria.

ANO ELEITORAL

Sobre a campanha nos EUA para sucedê-lo, Obama previu confiante que um democrata vai substituí-lo quando ele deixar a Casa Branca em janeiro de 2017.

A sessão de fim de ano do presidente com jornalistas foi motivada pelo que ele considerou conquistas globais sólidas em mudanças climáticas, acordos comerciais e acordo nuclear com o Irã, e, internamente, pela melhora da economia e o recém-finalizado acordo orçamentário com o Congresso.

Para o ano que vem, Obama descreveu um "punhado de áreas" onde avanços podem ser feitos, apesar do fato de o processo legislativo ser "distorcido" pelo ano eleitoral. Ele citou o pacto comercial do Pacífico e a reforma da justiça criminal.

© Reuters. Obama concede entrevista na Casa Branca

O presidente afirmou que o seu governo está trabalhando sistematicamente para reduzir o número de presos na base de Guantánamo, uma prisão que ele estabeleceu como objetivo o fechamento.

Obama afirmou que tentaria o apoio do Congresso, de maioria republicana, para um plano para fechar a prisão, antes de ele avaliar se usa a sua autoridade executiva para lidar com o tema. Muitos republicanos se opõem fortemente a fechar o local.

"Eu não vou automaticamente assumir que o Congresso diz não" para a minha proposta de fechar a instalação, disse ele.

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