GENEBRA (Reuters) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda está esperando que seus membros contribuam com 4 milhões de dólares adicionais para lidar com a ameaça crescente do Zika vírus, disse a diretora-geral da entidade, Margaret Chan, nesta terça-feira.
"Quanto mais sabemos, piores as coisas parecem", afirmou Margaret durante uma coletiva de imprensa na sede da OMS em Genebra. "Em menos de um ano, o status do Zika foi de uma ligeira curiosidade médica a uma doença com implicações de saúde pública graves."
O Zika vem sendo ligado a milhares de casos suspeitos de microcefalia, uma má-formação cerebral, no Brasil e a uma doença neurológica conhecida como síndrome de Guillain-Barré.
Foi detectado um padrão segundo o qual, três semanas após uma circulação inicial do vírus, se percebeu um aumento incomum nos casos de Guillain-Barré, e depois nas más-formações fetais, à medida que a gestação das mulheres infectadas chegava ao fim, disse Margaret.
Não está provado que o Zika causa Guillain-Barré ou microcefalia, mas existem indícios crescentes que sugerem uma ligação com as duas doenças.
A OMS e sua associada Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) solicitaram 25 milhões de dólares para combater o Zika, dos quais receberam 3 milhões, e agora estão em "discussões intensas" a respeito dos próximos 4 milhões, afirmou Margaret. A OMS classificou a questão do financiamento como "bastante séria".
Margaret disse que irá realocar fundos do orçamento da organização que dirige tanto quanto possível, mas que 80 por cento do dinheiro da OMS já está destinado a causas específicas.
Chris Dye, diretor de estratégia da OMS, disse que milhões e milhões de pessoas foram expostas ao vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que se disseminou pela maior parte das Américas nos últimos seis meses.
Os estudos médicos mais recentes levam a crer que talvez um por cento das infecções resultariam em problemas neurológicos graves, afirmou.
"Se tomarmos isso como uma aproximação, já sabemos que há milhares de casos em uma única parte do Brasil, então a expectativa nas Américas como um todo é de muitos milhares de casos a mais".
O Brasil confirmou mais de 860 casos de microcefalia e acredita que a maioria está relacionada a infecções de Zika nas mães, e ainda investiga mais de 4.200 outros possíveis casos de microcefalia.
(Por Tom Miles)