Por Tom Miles
GENEBRA (Reuters) - Os refugiados que buscam asilo na União Europeia podem ter que procurar uma nova rota agora que a Hungria está reprimindo a entrada no país, declarou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) nesta terça-feira, e um refugiado insinuou que o novo caminho pode ser por Croácia e Eslovênia.
Melissa Fleming, porta-voz do Acnur, disse que a agência está discutindo essa probabilidade com vários países, embora não os tenha nomeado nem sugerido qualquer possível rota.
"Com certeza estamos em contato com diferentes países a respeito dessas contingências, e o Acnur está pronto para agir e auxiliar esses diferentes países da melhor maneira possível", afirmou. "Será uma luta, tanto quanto tem sido para Macedônia e Grécia".
Pelo menos 200 mil migrantes cruzaram a Hungria este ano até agora, seguindo para o norte através dos Bálcãs depois de chegar às praias gregas em vários tipos de barcos saindo da Turquia. Mas duas décadas de viagens por uma Europa sem fronteiras foram postas em xeque diante do influxo inédito de pessoas buscando refúgio da guerra e da pobreza, e a Hungria na prática fechou suas portas para o restante da União Europeia.
O Acnur acredita que o número de pessoas chegando à fronteira húngara irá diminuir, mas que o fluxo geral irá continuar até mais ou menos novembro, quando o inverno se agrava, disse Melissa.
A notícia sobre as restrições na divisa da Hungria já deve ter se espalhado instantaneamente graças às redes sociais, acrescentou, por isso as pessoas que partiram da Síria já estarão fazendo planos alternativos.
A Sérvia, onde atualmente milhares de refugiados estão retidos na tentativa de entrar na Hungria, não é membro da UE, mas faz fronteira com a Romênia e a Croácia, que são parte do bloco. A Croácia também tem divisa com a Eslovênia, que leva à Itália e à Áustria.
"Talvez tentaremos a Croácia, depois a Eslovênia e de lá para Viena e Alemanha", disse Emad, refugiado saído de Damasco que chegou à Macedônia via Grécia. "Não sei se é um bom plano, mas temos que tentar".
(Reportagem adicional de Igor Ilic, em Zagreb, e Kole Casule em Gevgelija, Macedônia)