Por Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) alertou nesta terça-feira que 2016 está prestes a se tornar o ano com mais mortes de refugiados e imigrantes que cruzam o mar Mediterrâneo rumo à Europa, embora as travessias tenham diminuído 40 por cento em comparação com um ano atrás.
O Acnur disse que mais de 300 mil refugiados e imigrantes chegaram às praias de Itália e Grécia pelo mar até agora neste ano -- foram 520 mil no mesmo período do ano passado.
Mas cerca de 3.210 imigrantes foram dados como mortos ou desaparecidos enquanto tentavam fazer a viagem desde o início de 2016, só 15 por cento menos do que o saldo de mortes de todo o ano de 2015.
"Neste ritmo, 2016 será o ano mais letal já registrado no mar Mediterrâneo", afirmou a agência em um comunicado.
As chegadas à Grécia diminuíram acentuadamente desde que a União Europeia assinou um acordo com a Turquia mediante o qual Ancara impede que as pessoas partam de território turco com destino à Europa.
Mas na Itália as cifras continuam em níveis semelhantes às do ano passado, informou o Acnur.
A Europa testemunhou um influxo de cerca de 1,3 milhão de refugiados e imigrantes em 2015, muitos fugindo da guerra e da pobreza no Oriente Médio ou na África, e sua chegada desencadeou desavenças profundas dentro da UE no tocante à maneira de lidar com esse contingente.
Tendo sobrevivido à travessia marítima frequentemente perigosa, muitas pessoas conseguiram viajar mais para dentro da Europa, mas isso se tornou mais difícil desde que a UE intensificou o controle de suas fronteiras.
O Acnur disse que cerca de 60 mil pessoas estão retidas em ilhas gregas, onde um grande campo de imigrantes pegou fogo na noite de segunda-feira. Quase 160 mil também estão retidas em instalações de acolhimento italianas, segundo a agência.
Para diminuir o fardo imposto à Itália e à Grécia, Estados da UE concordaram no ano passado em distribuir 160 mil pessoas para outros lugares do bloco seguindo um sistema de cotas.
Mas alguns países do leste do bloco, entre eles Hungria, Polônia e Eslováquia, se opõem às cotas e contestaram a decisão nos tribunais. Outros países vêm adiando sua adoção em meio à luta política interna, e menos de 5 mil pessoas foram realocadas até o momento, mostram dados da UE.