GENEBRA (Reuters) - A Organização das Nações Unidas (ONU) ainda tem "um milhão de dúvidas" a respeito de um acordo para a Síria firmado na semana passada por Rússia, Turquia e Irã, já que comboios de ajuda humanitária estão quase totalmente impedidos de prosseguir apesar dos relatos de uma redução nos combates, disse uma autoridade humanitária da ONU nesta quinta-feira.
"Rússia, Turquia e Irã nos explicaram hoje e ontem... que irão trabalhar muito aberta e proativamente com as Nações Unidas e com parceiros humanitários para implementar este acordo", disse o assessor humanitário da ONU para a Síria, Jan Egeland, a repórteres.
"De fato temos um milhão de dúvidas e de preocupações, mas acho que não podemos nos dar o luxo que alguns têm, deste cinismo distante, e de dizer que irá fracassar. Precisamos que dê certo", acrescentou.
O pacto dos três países a respeito de zonas seguras foi assinado na semana passada na capital cazaque, Astana, com o objetivo de resolver questões operacionais, como de que maneira policiar as zonas, dentro de duas semanas e de mapeá-las até 4 de junho.
O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, disse estar convocando o que chamou de conversas de paz "bem pragmáticas, bem curtas", em Genebra, entre 16 e 19 de maio, para aproveitar o bom momento.
A alternativa à implementação do acordo seriam "outras 10 Aleppos", disse, referindo-se à segunda maior cidade da Síria, que foi tomada por forças leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, em dezembro depois de anos de combates.
Um aspecto crucial do pacto de Astana é ter sido um arranjo "interino" para abordar questões urgentes, e não uma partição permanente da Síria, afirmou.
(Por Tom Miles e Stephanie Nebehay)