Por Stefanie Eschenbacher
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O Comitê das Nações Unidas para Desaparecimentos Forçados expressou nesta terça-feira preocupações sobre o que chamou de investigação inadequada sobre o número "alarmante" de desaparecimentos no México, as consequentes baixas condenações e a "impunidade quase absoluta".
Atualmente 111.896 pessoas estão registradas como desaparecidas na base de dados oficial do Ministério do Interior do México, número que não inclui outro muito maior, de pessoas que desapareceram e foram posteriormente encontradas mortas.
A maioria delas desapareceu desde 2006, quando o então presidente Felipe Calderón declarou uma "Guerra às Drogas", mobilizando as Forças Armadas para combater os cartéis cada vez mais poderosos e desencadeando uma onda de violência que continua a abalar o país.
No final de julho, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou uma revisão da base de dados do governo, sugerindo que o número real de desaparecidos é menor.
Os comentários do presidente provocaram reações alarmadas. Especialistas e até mesmo algumas autoridades do governo afirmaram que os números são provavelmente muito mais elevados, uma vez que as famílias muitas vezes não denunciam os desaparecimentos – seja por medo de represálias ou porque duvidam da capacidade das autoridades de fazer algo por eles.
O comitê da ONU também instou o governo a garantir transparência na metodologia utilizada para atualizar a base de dados. Até o momento, nenhum detalhe sobre possíveis mudanças foi divulgado.
O Ministério do Interior não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
(Reportagem de Stefanie Eschenbacher; Reportagem adicional de Raul Cortes)