Por Marianna Parraga e Mayela Armas e Matt Spetalnick
WASHINGTON/CARACAS (Reuters) - Políticos venezuelanos estão discutindo propostas para um fundo que pode liberar mais de 3 bilhões de dólares para fornecer ajuda humanitária à Venezuela por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), em um processo que também envolve funcionários dos Departamentos de Estado e do Tesouro dos Estados Unidos, segundo nove pessoas próximas às negociações.
As propostas oferecem uma possibilidade de reviver o diálogo político estagnado na Venezuela e surgem à medida que mais venezuelanos tentam chegar aos Estados Unidos, criando disputas entre políticos norte-americanos sobre imigração.
Os imigrantes que chegam à fronteira entre EUA e México estão provocando discussões sobre o descongelamento de fundos venezuelanos mantidos em bancos estrangeiros que forneceriam alimentos e remédios necessários, disseram as fontes à Reuters. As fontes não foram autorizadas a falar publicamente sobre o tema.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Condições de Vida (Encovi), realizada por universidades venezuelanas, 94% dos venezuelanos viviam na pobreza no ano passado, enquanto mais da metade experimentava insegurança alimentar moderada a grave.
Alguns analistas e grupos de direitos humanos disseram que as sanções dos EUA e do Ocidente exacerbaram a profunda crise econômica do país.
Em 2019, os Estados Unidos, sob o ex-presidente Donald Trump, e outros países ocidentais impuseram sanções à Venezuela para impedir o governo do presidente Nicolás Maduro de acessar as receitas do petróleo, congelando bilhões de dólares em contas de propriedade do governo venezuelano no exterior.
Washington e alguns aliados europeus veem a liberação dos fundos como essencial para garantir um "acordo social" entre o governo da Venezuela e sua oposição política, disseram as fontes.
A ONU continua a pedir para que a Venezuela e a oposição se engajem em "um diálogo inclusivo e significativo que leve a soluções negociadas, com os direitos humanos como componente central", disse o porta-voz Stephane Dujarric. Ele não comentou se a ONU concordou em administrar um programa de ajuda.
O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, disse que qualquer flexibilização de sanções à Venezuela só virá depois que Maduro agir de maneira concreta para restaurar a democracia.
(Reportagem de Marianna Parraga e Matt Spetalnick, em Washington, e Mayela Armas, em Caracas; Reportagem adicional de Michelle Nichols, Daphne Psaledakis e Humeyra Pamuk)