Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - A Organização das Nações Unidas (ONU) saudou nesta sexta-feira o plano da União Europeia para triplicar sua missão naval no Mar Mediterrâneo, mas disse que o teste definitivo é saber se vidas serão salvas e se os refugiados receberão asilo.
As garantias da UE significam que a operação terá capacidade, recursos e abrangência comparáveis à missão de resgate italiana Mare Nostrum, que foi encerrada seis meses atrás, declarou o alto comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
"O Acnur acredita que se trata de um primeiro passo importante rumo a uma ação europeia coletiva", disse seu porta-voz, Adrian Edwards, em um boletim à imprensa.
"Se você é um refugiado fugindo da guerra, por definição você é alguém que não pode voltar para casa, não pode voltar para o lugar do qual fugiu. E é preciso haver uma alternativa segura e genuína a entrar naqueles barcos", afirmou Edwards.
"No momento, não há alternativa para muita gente."
Quatro dias depois de até 900 pessoas desesperadas se afogarem tentando chegar à Europa partindo da Líbia, líderes da UE concordaram em fazer uma reunião de emergência na quinta-feira para restaurar o financiamento das missões navais de busca para o nível do ano passado.
Cerca de metade das 220 mil pessoas que atravessaram o Mediterrâneo em 2014 fugiam da guerra e da perseguição na África e no Oriente Médio, o que as habilita para serem consideradas refugiadas, segundo o Acnur.
A entidade exortou a Europa a proporcionar acesso à condição de refugiados através de outros canais legais, e a detalhar o que as novas medidas significarão em termos de reassentamento e realocação dos migrantes.
"No final das contas, o teste será vermos uma redução na perda de vidas, no acesso efetivo à proteção na Europa sem ter que cruzar o Mediterrâneo e um Sistema Comum de Asilo na Europa eficaz, que realmente esteja à altura de seus compromissos de soldariedade e divisão de responsabilidade", disse Edwards.
A Organização Internacional para Migrações (OIM) afirmou que "o diabo mora nos detalhes".
"Tem havido uma reavaliação coletiva – e saudamos muito isso – e um reconhecimento de que não podemos ver pessoas se afogando em tamanha quantidade, especialmente pessoas tão vulneráveis, sejam refugiados, menores desacompanhados, sejam vítimas do tráfico, sejam migrantes por razões econômicas", afirmou Leonard Doyle, porta-voz da OIM, no boletim.
Destruir os botes de borracha e as embarcações de madeira pode ajudar, mas "no fim não sabemos o quanto isso afeta o tráfico de pessoas", disse Doyle.