CARACAS (Reuters) - A oposição da Venezuela contratou o advogado especializado em dívidas Lee Buchheit para ajudar a reestruturar o déficit de mais de 150 bilhões de dólares do país, sugerindo que poderia adotar uma postura mais dura com relação a investidores que detém títulos inadimplentes.
Buchheit, ex-advogado da Cleary Gottlieb que representou diversas governos em negociações de dívidas com investidores, publicou um artigo acadêmico no ano passado sugerindo caminhos para um futuro governo da Venezuela minimizar o repagamento de dívidas.
A medida vem após quase quatro meses de uma disputa de poder entre o presidente Nicolás Maduro e Juan Guaidó, chefe da Assembleia Nacional controlada pela oposição que invocou a Constituição do país para assumir uma Presidência interina em janeiro, argumentando que a reeleição de Maduro em 2018 era ilegítima.
Guaidó foi reconhecido como líder legítimo da Venezuela por dezenas de países, incluindo os Estados Unidos, que permitiram que seus advogados representassem o país latino em batalhas judiciais com credores. Um tribunal concedeu uma suspensão de ações contra a estatal petrolífera PDVSA por dívidas não pagas devido à crise política na Venezuela.
A tarefa mais imediata para uma possível reestruturação é proteger a Citgo, uma refinaria dos EUA de propriedade da PDVSA. Na semana passada, a oposição fez um pagamento de juros de 71 milhões de dólares sobre títulos fundamentados em ações da Citgo, mas outros credores ainda poderiam tentar tomar a empresa para cobrar dívidas pendentes.
Em outubro, Buchheit coassinou o artigo que argumentava que a Venezuela seria uma candidata a se beneficiar de uma possível ordem executiva norte-americana que protege seus ativos contra a apreensão por parte dos credores. Isso facilitaria uma "solução ordenada" para a mesa de negociações e até mesmo para os devedores relutantes em aceitar perdas em suas participações, escreveu ele.
O Ministério da Informação não respondeu de imediato o pedido por comentários.
Buchheit representará a Venezuela a título pro bono, de acordo com José Ignacio Hernández, que Guaidó denominou procurador especial representando os interesses do país no exterior.
(Reportagem de Deisy Buitrago)