Por Elida Moreno e Philip Wen
CIDADE DO PANAMÁ/PEQUIM (Reuters) - O Panamá estabeleceu laços diplomáticos com a China e rompeu com Taiwan, em uma grande vitória para Pequim, que continua a atrair para si os poucos países que ainda têm relações formais com a ilha autogovernada.
Na segunda-feira, o presidente panamenho, Juan Carlos Varela, disse em um discurso televisionado que seu país está intensificando suas relações comerciais com a China e estabelecendo vínculos diplomáticos plenos com o segundo cliente mais importante de seu crucial canal de navegação.
"Estou convencido de que este é o caminho correto para nosso país", disse Varela.
O governo de Taiwan disse ter lamentado e se revoltado com a decisão do Panamá e que não irá competir com os chineses no que descreveu como um "jogo diplomático de dinheiro".
"Nosso governo expressa sérias objeções e uma rejeição forte em resposta ao fato de a China estar induzindo o Panamá a romper laços conosco, confinando nosso espaço internacional e ofendendo o povo de Taiwan", disse David Lee, ministro das Relações Exteriores taiwanês, em uma coletiva de imprensa em Taipei.
Taiwan irá encerrar imediatamente a cooperação e a assistência ao Panamá, e irá esvaziar sua embaixada e retirar seu pessoal técnico "para salvaguardar nossa soberania e dignidade nacional", disse Lee.
A China tem uma profunda desconfiança da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que acredita querer estimular a independência formal da ilha, embora ela diga querer manter a paz com Pequim.
China e Taiwan vêm tentando roubar aliados uma da outra há anos, muitas vezes oferecendo pacotes de ajuda generosos a nações em desenvolvimento, embora Taipei tenha dificuldade para competir com uma China cada vez mais poderosa.
O Panamá é o segundo país a debandar para o lado de Pequim desde que Tsai tomou posse no ano passado – São Tomé e Príncipe o fez em dezembro, reduzindo para 20 o número de países que reconhecem Taiwan formalmente.
Taiwan tinha até 30 aliados diplomáticos em meados dos anos 1990, e seus laços formais restantes são na maioria com nações menores e mais pobres da América Latina e do Pacífico.
O chanceler chinês, Wang Yi, encontrou sua contraparte panamenha, Isabel de Saint Malo, em Pequim nesta terça-feira e assinou um comunicado conjunto estabelecendo os laços.