Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - O papa Francisco lavou e beijou os pés de refugiados nesta quinta-feira, incluindo três muçulmanos, e condenou os fabricantes de armas como parcialmente responsáveis pelos ataques dos militantes islâmicos que mataram 31 pessoas em Bruxelas.
O pontífice fez os comentários num tradicional ritual pré-Páscoa. Neste ano, 11 das 12 pessoas que tiveram os pés lavados e beijados pelo papa eram refugiados. A cerimônia celebra o gesto de humildade de Jesus com os seus apóstolos na noite anterior a sua morte.
“Todos nós juntos, muçulmanos, hindus, católicos, coptas, evangélicos, mas irmãos, filhos do mesmo Deus, que querem viver em paz, integrados”, disse ele de improviso num abrigo ao norte de Roma, que aloja refugiados buscando asilo político.
"Três dias atrás, houve um gesto de guerra, de destruição, numa cidade da Europa por pessoas que não querem viver em paz”, afirmou. “Por trás desse gesto há fabricantes de armas, traficantes de armas, que querem sangue, e não a paz, que querem guerra, e não a fraternidade”, declarou.
Em referência aos ataques de Bruxelas, Francisco condenou “aquelas pobres criaturas que compram armas para destruir a irmandade”, os comparando a Judas Iscariotes, o apóstolo que segundo a Bíblia traiu Jesus por 30 moedas de prata.
Antes de Francisco se tornar papa, a cerimônia desta quinta era realizada na Basílica de São Pedro ou em outra basílica de Roma e somente incluía homens católicos, quase sempre padres.
No entanto, depois de eleito em 2013, ele manteve o costume que iniciou quando bispo em Buenos Aires, permitindo que mulheres e não católicos participassem. Conservadores católicos têm o criticado por quebrar a tradição.