Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco disse neste sábado que uma "epidemia de animosidade" contra pessoas de outras raças e religiões está ferindo os mais fracos da sociedade, alertando também para o crescimento do nacionalismo populista.
Pouco mais de uma semana após Donald Trump ser eleito presidente norte-americano, o que animou partidos anti-imigração na Europa e em outras partes do mundo, o papa alertou para a "rapidez com que aqueles entre nós com status de estrangeiro, imigrante ou refugiado podem se tornar uma ameaça e receber o status de inimigo".
"Inimigo porque eles vêm de um país distante ou têm costumes diferentes. Um inimigo por causa da cor da sua pele, sua linguagem ou sua classe social. Um inimigo porque eles pensam diferente ou até possuem uma fé diferente", disse o papa em cerimônia para ordenar novos cardeais.
Um dos novos cardeais, o arcebispo Blase Cupich, de Chicago, disse à Reuters que o papa está "muito ciente do fato de que se esse sentimento não for combatido, ele é muito contagioso e pode se espalhar rapidamente. É como um incêndio na mata".
Em sua homilia, o papa disse que a Igreja não está imune ao "vírus da polarização e da animosidade", uma aparente referência às críticas públicas de quatro cardeais conservadores, que o acusaram de semear confusão em questões morais.
Na cerimônia do consistório na Basílica de São Pedro, Francisco ordenou 17 novos cardeais, 13 deles com menos de 80 anos e, portanto, elegíveis para sucedê-lo. Entre eles, foi nomeado dom Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Depois da cerimônia, o papa e os novos cardeais entraram em dois ônibus e visitaram o ex-papa Bento 16, que vive em uma casa nos jardins do Vaticano desde sua renúncia, em 2013.