VERONA, Itália (Reuters) - Argumentos e tensões na sociedade moderna não deveriam ser jogados para debaixo do tapete, disse neste sábado o papa Francisco, alertando que a tentativa de impor uma versão uniforme a sobre os assuntos alimenta a frustração e a violência.
Discursando em um encontro pela paz em um anfiteatro romano na cidade de Verona, no norte da Itália, o pontífice disse que as pessoas precisam aprender a lidar com conflitos antes de eles saírem do controle, mas também reconhecer que a divergência de opiniões é saudável.
“Uma sociedade sem conflitos é uma sociedade morta. Uma sociedade que esconde conflitos é uma sociedade suicida. Uma sociedade que trabalha os conflitos é uma sociedade do futuro”, afirmou o papa a cerca de 12.500 pessoas reunidas no local. “A falha das ditaduras é não admitir a pluralidade.”
Foi a segunda viagem curta do papa para o norte da Itália em três semanas, após sua visita a Veneza no mês passado, em jornadas que se tornaram um teste para a sua saúde após várias doenças no último ano, que em algumas ocasiões o forçaram a diminuir as aparições públicas.
Como é normal agora, o pontífice de 87 anos passeou de cadeira de rodas e pareceu estar bem ao se encontrar com padres e crianças na cidade, antes de participar da conferência de paz e almoçar em uma cadeia local com os prisioneiros que lá vivem.
Francisco afirmou que o mundo está sendo assolado por guerras, mas lembrou que as pessoas comuns precisam tentar construir pontes e evitar serem arrastadas para um conflito armado por causa de seus líderes.
“Ideologias não têm pés para andar, mãos para curar feridas, olhos para ver o sofrimento dos outros. A paz é feita com pés, mãos e olhos das pessoas envolvidas”, afirmou.
Realçando a esperança papal por reconciliação, um homem israelense, cujos pais morreram no ataque de 7 de outubro feito por militantes do Hamas, abraçou no palco de Verona um ativista pela paz palestina, cujo irmão morreu em uma prisão de Israel.
“Eu não acho que haja palavras a acrescentar quanto a isso”, afirmou o papa, que liderou os aplausos pelo gesto.
(Reportagem de Crispian Balmer)