CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco, que enfrenta crises simultâneas de abuso sexual por parte de clérigos católicos em diversos países do mundo, escreveu uma carta inédita pedindo que todos os católicos do mundo ajudem a erradicar "essa cultura da morte".
Na carta divulgada nesta segunda-feira, endereçada ao "povo de Deus", Francisco também prometeu que nenhum esforço será poupado para prevenir o abuso sexual e seu acobertamento.
"Nós percebemos que essas feridas nunca desaparecem e que exigem que nós condenemos vigorosamente essas atrocidades e que juntemos nossas forças para erradicar essa cultura da morte", disse.
A carta também respondeu a um recente relatório de um grande júri do Estado norte-americano da Pensilvânia sobre abusos cometidos dentro da igreja.
Francisco disse que embora a maior parte dos casos mencionados no relatório "pertença ao passado", está claro que o abuso foi "por muito tempo ignorado, mantido em silêncio ou silenciado".
Uma autoridade do Vaticano disse que essa é a primeira vez que um papa escreve a todos os cerca de 1,2 bilhão de católicos do mundo sobre abuso sexual. Cartas anteriores sobre o escândalo foram endereçadas a bispos ou a fieis de determinados países.
Na semana passada, um grande júri da Pensilvânia divulgou as descobertas da maior investigação sobre abuso sexual na história da Igreja Católica nos Estados Unidos, revelando que 301 padres haviam abusado sexualmente de menores durante os últimos 70 anos no Estado.
A carta de Francisco foi divulgada no momento em que a Igreja enfrenta escândalos de abuso sexual em diversos países, incluindo Estados Unidos, Chile e Austrália, e dias antes de o papa visitar a Irlanda, que ainda está se recuperando dos efeitos de sua própria crise de abusos sexuais.
(Reportagem de Philip Pullella)