Por Crispian Balmer
ROMA (Reuters) - O papa Francisco pediu nesta quinta-feira uma ação coordenada contra a degradação ambiental e a mudança climática, renovando uma crítica contundente ao consumismo e à ganância financeira que, disse ele, estão ameaçando o planeta.
Um ano depois de publicar o primeiro documento papal dedicado ao meio ambiente, o papa exortou os cristãos a fazerem da defesa da natureza uma parte central de sua fé, acrescentando-a às sete "obras de misericórdia" que devem praticar.
"Deus nos deu um jardim abundante, mas nós o transformamos em uma terra devastada e poluída de destroços, desolação e sujeira", afirmou Francisco em um documento divulgado para coincidir com o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.
Nascido na Argentina, Francisco é o primeiro pontífice de uma nação em desenvolvimento, e colocou a causa ambiental no cerne de seu papado, denunciando o que vê como uma cultura consumista de desperdício e economias desenfreadas à mercê do mercado.
"Economia e política, sociedade e cultura não podem ser dominadas pelo pensamento único no curto prazo e nos ganhos financeiros e eleitorais imediatos", disse o líder católico, sugerindo que ações mais ambiciosas podem ser necessárias para
Em dezembro, líderes mundiais reunidos em Paris se comprometeram a limitar as emissões de gases de efeito estufa na tentativa de estabilizar o aumento das temperaturas, e em julho a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou que a Terra está se aquecendo mais rápido do que o esperado e que caminha para ter o ano mais quente da história.
Francisco saudou o acordo climático de Paris, mas incentivou os eleitores de toda parte a fazerem com que seus governos não recuem.
"Cabe aos cidadãos insistir para que isso aconteça, e realmente postular metas ainda mais ambiciosas".
Ele pediu que os mais de um bilhão de católicos do mundo adotem uma pauta ecológica, dizendo que a defesa do meio ambiente deveria ser acrescentada às obras de misericórdia, que proporcionam aos crentes diretrizes e tarefas que se esperam que sigam.
Entre elas estão cuidar dos famintos e doentes e ensinar os ignorantes. Seis foram descritas no Novo Testamento, e a sétima, enterrar os mortos, foi acrescentada na Idade Média.
"Que as obras de misericórdia também incluam o cuidado com nosso lar comum", disse Francisco, acrescentando que gestos diários simples que rompem "a lógica da violência, da exploração e do egoísmo" fariam diferença.