SANTIAGO (Reuters) - O papa Francisco disse nesta segunda-feira que "não é injusto" que a Bolívia queira ter uma saída soberana ao mar por meio do território chileno, mas destacou que o Vaticano não pode opinar sobre um conflito que está em tramitação numa corte internacional, o que foi elogiado pelo governo chileno.
A Bolívia quer uma saída ao mar e em 2013 formalizou um processo contra o Chile na Corte Internacional de Justiça em Haia. O país ficou sem saída ao oceano em 1879 pela perda de 400 quilômetros de costa e 120.000 quilômetros quadrados de território após uma guerra com a nação vizinha.
Durante a recente visita do papa à Bolívia, o pontífice instou o governo boliviano a usar o diálogo para resolver conflitos, como essa disputa com o Chile.
Em entrevista no avião que o levava de volta ao Vaticano após uma viagem por três países da América do Sul, Francisco comentou a questão, concordando nas entrelinhas com o direito da Bolívia de contestar.
"Sempre há uma base de justiça quando há mudança de limites territoriais, sobretudo depois de uma guerra. Há uma contínua revisão disso. Eu diria que não é injusto pedir uma coisa dessa atualmente, esse desejo", disse o papa.
No entanto, o papa destacou que o conflito está atualmente na corte de Haia e que, por isso, "o diálogo está retido por esse recurso" e que "se fizer um comentário, sou chefe de um Estado, poderia ser interpretado como estar interferindo na soberania de outro Estado".
O governo chileno disse que as palavras do papa eram "muito sábias" ao se manter à margem de um conflito que aguarda uma decisão de uma corte internacional.
(Por Philip Pullella)