A Assembleia Nacional da França discutiu, votou e aprovou nesta 3ª feira (26.nov.2024) o posicionamento contrário do presidente Emmanuel Macron (Renascimento, centro) ao acordo entre União Europeia e Mercosul. Macron é o principal líder europeu contra o acordo e pressiona a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para que o tratado não seja estabelecido.
Na votação, 484 deputados aprovaram as ações de Macron, 70 desaprovaram e 1 se absteve. A votação foi simbólica e não muda o curso da negociação entre os blocos. Os parlamentares que votaram contra, a maioria integrante de partidos de esquerda, disseram que o presidente francês precisa ser mais incisivo para que o acordo seja bloqueado.
A discussão pautada na Assembleia Nacional se dá depois de a rede francesa de hipermercados Carrefour (BVMF:CRFB3) anunciar boicote às carnes brasileiras na 4ª feira (20.nov.). Isso levou a uma represália de frigoríficos brasileiros, que suspenderam o fornecimento de carnes às redes no país –o que já foi reestabelecido.
Na França, a situação permanece inalterada. O Carrefour não vai comprar carnes de produtores de países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), mas isso faz pouca diferença. A França já importa pouquíssima proteína animal desses países latino-americanos. As empresas na França estão sob pressão do setor agropecuário local, que se opõe ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
O CEO da rede na França, Alexandre Bompard, afirmou que tomou a ação de boicotar as carnes do Mercosul pelos produtos sul-americanos não atenderem às exigências e às normas francesas, o que tem causado estresse entre os produtores franceses.
OPOSIÇÃO AO ACORDO UE-MERCOSUL
Para que o acordo passe a vigorar, todos os 27 países integrantes da UE precisam aprovar. A França, porém, é contra. Macron afirma que o acordo não atende aos interesses franceses e impede a conclusão da negociação.
Os agricultores europeus, especialmente os da França, expressam preocupação em relação às práticas ambientais no setor agrícola brasileiro, alegando que prejudicam o meio ambiente em busca de maior produtividade.
Parlamentares franceses dizem que a permissão do uso de agrotóxicos nos países do Mercosul coloca em risco os consumidores europeus. Também acusam o Brasil de desmatar na Amazônia um território equivalente ao de Portugal e Espanha.