Por Jessie Pang e Yew Lun Tian
HONG KONG/PEQUIM (Reuters) - O Parlamento da China aprovou nesta quinta-feira a decisão de levar adiante uma legislação de segurança nacional para Hong Kong que ativistas pró-democracia da cidade e países ocidentais temem que irá afetar as liberdades de Hong Kong e ameaçar seu papel de polo financeiro global.
A China diz que a legislação almeja combater a secessão, a subversão, o terrorismo e a interferência estrangeira na cidade, mas o plano revelado por Pequim na semana passada desencadeou os primeiros grandes protestos em Hong Kong em meses.
O batalhão de choque compareceu em peso enquanto parlamentares debatiam um projeto de lei para criminalizar o desrespeito ao hino nacional chinês, e os Estados Unidos aumentaram a pressão visando preservar a autonomia da cidade.
Dezenas de manifestantes se reuniram em um shopping center para gritar frases de efeito, mas não houve tumultos como os do dia anterior, quando a polícia fez 360 prisões enquanto milhares tomavam as ruas revoltados com o projeto de lei do hino nacional e a legislação de segurança nacional propostos pela China.
No ano passado, a cidade foi abalada por manifestações pró-democracia muitas vezes violentas durante meses devido a uma tentativa fracassada de adotar uma lei de extradição para a China.
A lei de segurança do governo chinês para a cidade está atiçando, em Hong Kong e além, o temor de que Pequim esteja impondo sua autoridade e reduzindo o alto grau de autonomia de que a ex-colônia britânica desfruta graças à fórmula "um país, dois sistemas" desde que voltou ao controle chinês em 1997.
Membros do Congresso Nacional do Povo, o Parlamento chinês essencialmente protocolar, presentes no Grande Salão do Povo, situado a oeste da Praça da Paz Celestial de Pequim, aplaudiram longamente quando a contagem mostrou 2.878 votos a favor, seis abstenções e um voto contra o avanço da legislação.
Acredita-se que os detalhes da lei serão delineados nas próximas semanas e que ela será sancionada antes de setembro.
Autoridades chinesas e o governo de Hong Kong, apoiado por Pequim, dizem que o alto grau de autonomia da cidade não está ameaçado e que a nova lei de segurança terá um foco específico.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse que a lei será boa para a estabilidade e a prosperidade de Hong Kong no longo prazo e que a fórmula "um país, dois sistemas" continuará sendo uma diretriz nacional.
(Por Jessie Pang, Anne Marie Roantree, Donny Kwok, Noah Sin, Clare Jim e Sarah Wu)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES