Por Jonas Ekblom
BRUXELAS (Reuters) - Parlamentares da União Europeia declararam uma "emergência climática" nesta quinta-feira em uma votação simbólica que eleva a pressão por ações contra o aquecimento global em uma cúpula que será realizada no mês que vem.
Diante de padrões climáticos cada vez mais irregulares, que vão de incêndios florestais na Austrália a inundações na Europa, sendo ligados à mudança climática, os governos estão sob pressão para encontrarem soluções urgentes na cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) na Espanha entre 2 e 13 de dezembro.
Após um debate na noite de segunda-feira, o Legislativo da UE aprovou a declaração com 429 votos a favor, 225 contra e 19 abstenções.
"Não se trata de política, é questão de nossa responsabilidade em comum", disse o presidente do comitê climático do Parlamento, Pascal Canfin, do grupo Renovem a Europa.
Os contrários reclamaram da palavra "emergência", dizendo que era drástica demais e que "urgência" bastaria.
Cientistas e ativistas frustrados alertam que, apesar de tais declarações, ainda faltam ações para se cumprir a meta do Acordo de Paris de cortar emissões o suficiente para manter o aumento de temperatura em 1,5 a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
Mas a votação do Parlamento Europeu deve ajudar a moldar as políticas da nova chefe executiva do bloco, Ursula von der Leyen, que toma posse em 1º de dezembro.
As 28 nações da UE compõem o primeiro bloco multilateral a declarar uma emergência climática, mas se somam a diversos países e cidades que vão da Argentina ao Canadá e de Nova York a Sydney.
Grupos ativistas elogiaram a votação, mas querem mais ação.
"Cinco anos atrás, ninguém teria esperado que o Parlamento Europeu declararia uma emergência climática, então existe algum progresso", disse Sebastian Mang, representante do Greenpeace na UE, acrescentando que "cortes drásticos" nas emissões precisam ocorrer em seguida.
Von der Leyen deve discursar no primeiro dia da cúpula de Madri. Ela quer ver bilhões de euros investidos para tornar a Europa o primeiro continente "climaticamente neutro" --ou seja, que não acrescente gases do efeito estufa além do que pode ser absorvido-- até 2050.