MADRI (Reuters) - O líder do partido espanhol de esquerda Podemos disse nesta sexta-feira que está disposto a abdicar de um cargo em um governo de coalizão, o que pode destravar conversas sobre a partilha de poder com os socialistas do primeiro-ministro interino, Pedro Sánchez.
Sánchez, que obteve o maior número dos assentos mas não uma maioria em uma eleição parlamentar de abril, espera tomar posse como premiê após uma votação no Legislativo na próxima semana, mas mesmo com o apoio do Podemos ainda precisará de alguns votos adicionais de outros partidos.
Se perder a votação, uma contagem regressiva de dois meses começará até uma nova eleição ser realizada.
Na quinta-feira, Sánchez descartou ter o líder do Podemos, Pablo Iglesias, em seu gabinete, citando diferenças em temas como a maneira de lidar com a iniciativa separatista da Catalunha. Sánchez disse que propôs incluir outras pessoas qualificadas do Podemos, como a sigla solicitou.
O Podemos aceitou a condição de Sánchez nesta sexta-feira.
"Eu não deveria ser a desculpa dos socialistas para justificar por que não haverá uma coalizão com a esquerda. Eu estar ou não no gabinete não será um problema contanto que não haja mais vetos e a presença do Podemos no governo reflita os votos que recebemos", tuitou Iglesias.
Após o anúncio de Iglesias, fontes socialistas disseram que um acordo entre os dois partidos é possível, mas enfatizaram que Sánchez é quem escolherá sua equipe de governo.
"Sem vetos ou imposições podemos chegar a um acordo. O primeiro-ministro ouvirá as propostas e decidirá a equipe. Vamos começar com o conteúdo. Primeiro o programa, e depois o governo", disse uma das fontes.
Uma aliança dos socialistas com o Podemos, seu aliado político mais natural, deixaria Sánchez muito próximo da maioria parlamentar que necessita.
O Podemos quer alguns ministérios cruciais em qualquer coalizão de governo, mas Sánchez só ofereceu postos de baixo escalão.
(Por Sam Edwards, Belen Carreno e Joan Faus)