Por Madeline Chambers
BERLIM (Reuters) - O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD, na sigla em alemão) disse nesta quarta-feira que dividirá o poder com os conservadores da chanceler Angela Merkel somente se os eleitores comuns tiverem um acordo justo, procurando apaziguar os céticos do partido horas antes de conversas importantes entre os dois campos.
Merkel, enfraquecida por ter perdido terreno para a extrema-direita na eleição de setembro e depois pelo fracasso na negociação de uma aliança tripartite no mês passado, está depositando toda a sua esperança no SPD para cumprir um quarto mandato e evitar novas eleições.
Mas o clima entre os dois partidos azedou, e a própria Merkel tem sido um alvo frequente de críticas dos social-democratas.
O SPD, abalado por seu pior desempenho eleitoral desde 1933 e assolado por divisões no tocante a trabalhar ou não com Merkel desde que os eleitores puniram a sigla por dividir o poder com a chanceler nos últimos quatro anos, alertou que não fará um acordo a qualquer preço.
"Um ponto decisivo para o SPD é que a agenda social tenha mais proeminência na Alemanha", disse Carsten Schneider, figura de peso do partido, à televisão alemã.
"Somos bastante claros: deve haver um grau maior de justiça com os heróis do cotidiano", afirmou.
Merkel e o líder de seus aliados bávaros conservadores devem se encontrar com o líder do SPD, Martin Schulz, nesta quarta-feira.
O ar de segredo das conversas ressaltou como elas são delicadas. Como os dois lados têm muito a perder, os partidos não revelaram nem o momento nem o local da reunião, e não planejam fazer anúncios públicos quando ela terminar.
Schulz propôs uma integração da União Europeia que leve à criação dos Estados Unidos da Europa até 2025, e o SPD quer uma grande elevação de gastos com a educação, mais vagas em creches e uma grande reforma no sistema de saúde para ajudar as "pessoas comuns".
Merkel quer preservar a solidez das finanças do país, cortar alguns impostos e ampliar a infraestrutura digital.
O SPD prometeu ir para a oposição depois do resultado eleitoral desalentador, e só abrandou sua postura, concordando em se reunir com Merkel, devido à pressão do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que quer evitar uma nova votação.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC