Por Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - O Partido Trabalhista britânico elegerá um novo líder no sábado, e Keir Starmer, principal formulador de políticas para o Brexit, é o favorito para assumir uma sigla profundamente dividida que, sob o comando do socialista veterano Jeremy Corbyn, sofreu uma derrota arrasadora na eleição de dezembro.
O desfecho da disputa pela liderança, que transcorre desde que Corbyn anunciou sua renúncia após a eleição, está sendo ofuscado pelo surto de coronavírus crescente do Reino Unido, que praticamente silenciou as campanhas dos candidatos.
Mas para muitos trabalhistas, a votação de sábado será uma chance de o partido recomeçar e romper com anos de desavenças a respeito de tudo, da abordagem para a separação britânica da União Europeia e das acusações de antissemitismo entre membros à guinada à esquerda capitaneada por Corbyn.
Pode não ser fácil. Os conservadores do primeiro-ministro, Boris Johnson, ocuparam grande parte do território tradicional dos trabalhistas, e a crise do coronavírus levou o partido governista a abrir as comportas dos gastos e encerrar a austeridade econômica.
"Esta eleição está sendo demorada, e é justo dizer que não termina do jeito que nenhum de nós esperava", disse Starmer a apoiadores na quinta-feira em um email com o slogan "outro futuro é possível".
"Com as campanhas que todos os candidatos fizeram, acredito sinceramente que emergimos desta disputa como um partido melhor: mais unido e pronto para construir outro futuro".
Starmer, que tem tido o cuidado de tentar conquistar os apoiadores de Corbyn e ao mesmo tempo manter membros mais de centro a bordo, lidera as pesquisas, na frente de Rebecca Long-Bailey, uma aliada de Corbyn, e a terceira colocada Lisa Nandy.
O novo líder será anunciado na manhã de sábado em um comunicado, e não em um evento ao vivo, por causa do coronavírus – os três postulantes tiveram que gravar um discurso da vitória antes de conhecerem o resultado.
Starmer, ex-diretor de processos públicos que foi transformado em cavaleiro em 2014 devido aos seus serviços à lei e à justiça criminal, prometeu não "forçar a mão" ao conduzir a sigla de volta ao centro, mas também expressou uma postura mais pró-UE, dando a entender que reinstituirá a livre circulação para os cidadãos do bloco.
Mas muitos defensores de Corbyn dizem temer que Starmer será pressionado a descartar a pauta de esquerda do ex-líder e tentar recompor uma base de membros a partir do centro, reaproximando o partido do que ele foi sob a liderança de Tony Blair, premiê de 1997 a 2007.