Por Marco Trujillo e Clara-Laeila Laudette
MADRI (Reuters) - Cansados e irritados, viajantes norte-americanos e europeus presentes no aeroporto de Barajas, em Madri, correram para embarcar nos últimos voos de volta aos Estados Unidos antes de uma suspensão de 30 dias decretada para deter a disseminação do coronavírus entrar em vigor à meia-noite de sexta-feira.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou restrições amplas à entrada de viajantes da Europa na quarta-feira, transtornando os planos de viagens de dezenas de milhares de pessoas, afetando empresas aéreas já atingidas e tensionando ainda mais os laços com a União Europeia.
"Causou um pânico em massa", disse Anna Grace, estudante norte-americana de 20 anos, da Universidade de Suffolk, que fazia sua primeira viagem à Europa e logo alterou sua passagem para voar de volta para casa ao invés de ir para a França.
Os quatro amigos que a acompanhavam não tiveram tanta sorte e não conseguiram remarcar.
"Todos os nossos amigos e familiares nos disseram que tínhamos que ir para os Estados Unidos. Estamos no aeroporto desde as 5h da manhã", contou Grace.
Ali perto, Cristina Elvira, uma aposentava que viajava para Miami, se sentia aliviada por deixar a Espanha, onde casos novos têm aumentado exponencialmente nos últimos dias e a tornaram o país europeu mais afetado depois da Itália e da França.
"Temos sorte de conseguir partir da Europa", disse Elvira enquanto fazia o check-in.
Mas outras pessoas estavam preocupadas com o que devem esperar quando chegarem aos EUA.
"Tive que mudar minha passagem e adiantar minha viagem porque, se não, teria encontrado a fronteira fechada", disse Miguel Paracuellos, espanhol que trabalha nos EUA.
"É uma medida que Trump adotou porque, como ele é inepto e não conseguiu adotar nenhuma ação lá, está de certa forma culpando o inimigo externo, neste caso a Europa".
Trump disse que tinha que agir porque a UE foi incapaz de adotar medidas adequadas para conter a proliferação do coronavírus.
Sua interdição de viagens não se aplicará ao Reino Unido e a norte-americanos que passarem pelas "verificações apropriadas".
Houve cerca de 20 voos da Espanha para os EUA nesta quinta-feira, disse um porta-voz da operadora de aeroportos espanhóis Aena.