Por Emma Farge e Khalid Abdelaziz
GENEBRA (Reuters) - O escritório de direitos humanos da ONU informou nesta quinta-feira que pelo menos 87 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram enterradas em uma vala comum em Darfur Ocidental, no Sudão, dizendo ter informações confiáveis de que foram mortas pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) do país.
Representantes da RSF negaram qualquer envolvimento, dizendo que o grupo paramilitar não faz parte do conflito em Darfur Ocidental.
A violência motivada por etnias aumentou nas últimas semanas, acompanhando os combates entre facções militares rivais que eclodiram em abril e levaram o país à beira de uma guerra civil. Em El Geneina, testemunhas e grupos de direitos humanos relataram ondas de ataques da RSF e das milícias árabes contra o povo não-árabe Masalit, incluindo tiros à queima-roupa.
"De acordo com informações críveis reunidas pelo Escritório, aqueles enterrados na vala comum foram mortos pela RSF e sua milícia aliada entre 13 e 21 de junho", disse o comunicado da ONU.
A população local foi forçada a se livrar dos corpos, incluindo os de mulheres e crianças, na cova rasa em uma área aberta perto da cidade entre 20 e 21 de junho, acrescentou.
"Condeno veementemente o assassinato de civis e indivíduos fora de combate e estou ainda mais chocado com a maneira insensível e desrespeitosa com que os mortos, suas famílias e comunidades foram tratados", afirmou o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, na mesma nota, pedindo uma investigação.
Um autoridade de alto escalão da RSF, que não quis ser identificada, disse que "nega completamente qualquer conexão com os eventos em Darfur Ocidental, já que não fazemos parte disso e não nos envolvemos em um conflito porque o conflito é tribal".
(Reportagem de Emma Farge em Genebra e Khalid Abdelaziz em Dubai)